O pensamento positivista surgiu
no início do século XIX, no contexto da Revolução Industrial, e teve como
precursor o filósofo francês Augusto Comte. Nessa época, muitos filósofos
buscavam a reforma das instituições modernas, porém, na visão de Comte, antes
disso, era necessária uma reforma intelectual dos homens, que permitisse um
novo pensamento, condizente com o progresso científico. O filósofo deu, a essa
nova forma de pensar, o nome de positivismo.
Essa corrente é dividida em três
temas: a filosofia da história, sintetizada na lei dos três estados, a
fundamentação e classificação das ciências baseadas no positivismo, e por fim,
uma sociologia que permitisse a reforma prática das instituições, definindo a
estrutura e os processos de modificação da sociedade, tornando-a coletiva.
A partir
disso, Comte define que o pensamento positivo deve ser baseado na “subordinação
da imaginação e da argumentação à observação”, sendo assim, a construção do
conhecimento deve ter como base os fatos e buscar não mais o “por quê’ das
coisas, mas sim, o “como”.
No mundo
contemporâneo, há muitos críticos desse pensamento, sendo um deles, o
“filósofo” Olavo de Carvalho. Porém, há uma contradição entre as críticas de
Olavo e o texto “Mentiras Gays”, que se encontra na obra “O imbecil coletivo”,
já que essa possui alguns traços positivistas, como a metodologia.
O texto tem
por objetivo a deslegitimação da luta por direitos pela comunidade LGBT, e o
autor utiliza-se de fatos descontextualizados e de dados que carecem de fontes
para construir seus argumentos. Logo no primeiro parágrafo do texto, onde Olavo
expõe aquilo que ele chama de “mitos”, e no qual ele coloca que a comunidade
afirma possuir uma superioridade intelectual, há a manipulação de informações
para que ele consiga desenvolver sua crítica. O autor também se utiliza de
fatos biológicos e os distorce para conseguir “comprovar” suas teses.
É possível
perceber que a “física social”, uma das propriedades fundamentais do
positivismo, faz parte do pensamento conservador de Olavo, pois ele trata a
homossexualidade como uma deficiência, algo que foge do normal, da ordem. Além disso, as conclusões do
“filósofo” também são feitas a partir das relações que o autor faz entre os fatos
e a realidade que ele próprio cria.
Ademais, há
de se entender que, por mais que seu pensamento tenha traços, ele não
compreende a máxima do positivismo: a sociologia, a ciência voltada para o
coletivo. Todos os argumentos de Olavo remontam a um pensamento extremamente
conservador, demonstrando que ele não aceita, nem ao menos entende, o
pluralismo da sociedade e nem o diferente.
Com isso, é
possível concluir que Olavo não pode ser considerado positivista, pois seu
pensamento defende uma sociedade que não progride nas questões sociais, uma
sociedade estática em relação a isso.
Além disso, é necessário entender que a construção de sua obra é um tipo de
texto dissertativo-argumentativo que não articula com a realidade concreta, mas
com fatos distorcidos, buscando o convencer os leitores, para que eles tomem
aquilo como a verdade. É o sucesso de obras e autores desse tipo que demonstram
a sociedade em que vivemos: individualista e detentora pensamentos retrógrados.
Isso é um importante alerta para a necessidade de senso crítico na
contemporaneidade.
Daiana Li Zhao - Direito Matutino - 1º Ano
Nenhum comentário:
Postar um comentário