CARTA MENTIROSA A
OLAVO DE CARVALHO
Franca, 19 de abril de
2019.
Caro professor
Olavo de Carvalho,
Venho por meio dessa discorrer sobre
o capitulo “Mentiras Gays” de sua obra “O Imbecil Coletivo”, sobre o desafio de
defender sua tese exposta nesse. Minha missão aqui não somente se resume a
analisar suas propostas, mas também estabelecer conexões dessas com a linha de
filosofia positivista de Comte. Certo é que seus embasamentos fundados na
lógica da “Ordem e Progresso“, a preocupação com a primazia da sociedade sobre
o individuo e o uso de exemplificações históricas e comparações, na tentativa
de fundamentar suas imposições, te fazem, a grosso modo é verdade, um
positivista.
Sabemos que a caracterização do que
seria “Ordem” para Augusto Comte seria o encerramento da crise revolucionaria
que terroriza os povos civilizados, promovendo a manutenção de tudo que é bom e
positivo, enquanto o “Progresso” é a marcha efetiva do desenvolvimento humano,
buscando aperfeiçoar a ordem eliminando aquilo que seria visto como avesso. Com
isso, dado a sua postura conservadora, a utilização de termos como “anomalia”
ao se referir à homossexualidade, legitimar o preconceito e a discriminação,
além de estabelecer como correto a supremacia heterossexual, te condena a um
defensor da “ordem” heteronormativa. Em sua defesa, aponto que tentar
estruturar e problematizar essa temática é, de certa forma, uma tarefa difícil
e louvável, porem, a você professor, a esquerda delirante irá propor (não só a
ti mas a todos que a te seguem) que tente promover uma auto-analise de suas
orientações e, ao contrario do que o positivismo propõe, enalteça a importância
da discussão dos direitos humanos e civis, visto que atualmente os homossexuais
tem muitos desses encurtados devido ao estado de submissão defendido pelo
senhor.
Trago a discussão agora o ponto em
que o senhor afirma que a submissão da homossexualidade frente a
heterossexualidade é legitima, devido ao fato dessa promover a procriação
humana enquanto a primeira é apenas um desejo irracional e arbitrário. Nesse
argumento é fato que se trata de uma constatação verídica, é fato que o
relacionamento homoafetivo não propõe a disseminação da espécie, embora defenda
o senhor, peço que se atenha aqueles que tentarem discordar de você, esses os
aconselhariam para refletir que isso não é o suficiente para condenar um caso
de submissão, e pedirão para que pense também que se trata de pessoas, que como
quaisquer outras, exigem direitos iguais.
Destaco também a
exemplificação feita pelo senhor de homossexuais autoritários, como Calígula e
Mao Tsé-Tung, utilizada para fundamentar que a constatação popular de que gays
são marginalizados e perseguidos não passa de um mito. Outra comparação
validada pelo professor é de que enquanto um protesto lésbico contra a igreja é
judicialmente legitimo, o inverso seria considerado odiosa descriminação. Ambas
têm em comum o fato de serem tentativas, fruto do positivismo, de trazer
raciocínio e lógica a casos da física social, contudo, embora defenda a
legitimação dessas constatações (visto que esse é o desafio a mim proposto),
novamente indico ao senhor que não escute aos delírios para que exerça uma
reflexão sobre essas, propondo que talvez o autoritarismo de alguns não seja o
suficiente para impor que “com poder, homossexuais são opressores”, e que
talvez julgar que um possível protesto da igreja, que possui regulamentações
conservadoras e contrarias ao relacionamento homoafetivo, contra a comunidade
LGBTQ+ seja passível de discussão.
Portanto
professor a minha tentativa de defesa ao senhor fica assim exposta, procure não
seguir com os delírios que “os comunistas” tentarão lhe impor.
Saudações,
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