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domingo, 21 de abril de 2019

CARTA MENTIROSA A OLAVO DE CARVALHO

CARTA MENTIROSA A OLAVO DE CARVALHO

Franca, 19 de abril de 2019.
Caro professor Olavo de Carvalho,

              Venho por meio dessa discorrer sobre o capitulo “Mentiras Gays” de sua obra “O Imbecil Coletivo”, sobre o desafio de defender sua tese exposta nesse. Minha missão aqui não somente se resume a analisar suas propostas, mas também estabelecer conexões dessas com a linha de filosofia positivista de Comte. Certo é que seus embasamentos fundados na lógica da “Ordem e Progresso“, a preocupação com a primazia da sociedade sobre o individuo e o uso de exemplificações históricas e comparações, na tentativa de fundamentar suas imposições, te fazem, a grosso modo é verdade, um positivista.
              Sabemos que a caracterização do que seria “Ordem” para Augusto Comte seria o encerramento da crise revolucionaria que terroriza os povos civilizados, promovendo a manutenção de tudo que é bom e positivo, enquanto o “Progresso” é a marcha efetiva do desenvolvimento humano, buscando aperfeiçoar a ordem eliminando aquilo que seria visto como avesso. Com isso, dado a sua postura conservadora, a utilização de termos como “anomalia” ao se referir à homossexualidade, legitimar o preconceito e a discriminação, além de estabelecer como correto a supremacia heterossexual, te condena a um defensor da “ordem” heteronormativa. Em sua defesa, aponto que tentar estruturar e problematizar essa temática é, de certa forma, uma tarefa difícil e louvável, porem, a você professor, a esquerda delirante irá propor (não só a ti mas a todos que a te seguem) que tente promover uma auto-analise de suas orientações e, ao contrario do que o positivismo propõe, enalteça a importância da discussão dos direitos humanos e civis, visto que atualmente os homossexuais tem muitos desses encurtados devido ao estado de submissão defendido pelo senhor.
              Trago a discussão agora o ponto em que o senhor afirma que a submissão da homossexualidade frente a heterossexualidade é legitima, devido ao fato dessa promover a procriação humana enquanto a primeira é apenas um desejo irracional e arbitrário. Nesse argumento é fato que se trata de uma constatação verídica, é fato que o relacionamento homoafetivo não propõe a disseminação da espécie, embora defenda o senhor, peço que se atenha aqueles que tentarem discordar de você, esses os aconselhariam para refletir que isso não é o suficiente para condenar um caso de submissão, e pedirão para que pense também que se trata de pessoas, que como quaisquer outras, exigem direitos iguais.
Destaco também a exemplificação feita pelo senhor de homossexuais autoritários, como Calígula e Mao Tsé-Tung, utilizada para fundamentar que a constatação popular de que gays são marginalizados e perseguidos não passa de um mito. Outra comparação validada pelo professor é de que enquanto um protesto lésbico contra a igreja é judicialmente legitimo, o inverso seria considerado odiosa descriminação. Ambas têm em comum o fato de serem tentativas, fruto do positivismo, de trazer raciocínio e lógica a casos da física social, contudo, embora defenda a legitimação dessas constatações (visto que esse é o desafio a mim proposto), novamente indico ao senhor que não escute aos delírios para que exerça uma reflexão sobre essas, propondo que talvez o autoritarismo de alguns não seja o suficiente para impor que “com poder, homossexuais são opressores”, e que talvez julgar que um possível protesto da igreja, que possui regulamentações conservadoras e contrarias ao relacionamento homoafetivo, contra a comunidade LGBTQ+ seja passível de discussão.
Portanto professor a minha tentativa de defesa ao senhor fica assim exposta, procure não seguir com os delírios que “os comunistas” tentarão lhe impor.

Saudações,

Matheus de Vilhena Moraes / direito (noturno)

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