“‘Mas quem iria carregar uma nota fiscal?’ ‘Aqui, senhor!’” Esse diálogo, além de
exemplificar o racismo estrutural presente no Brasil, também evidência o que Francis Bacon
chamou de ídolos da caverna, cuja origem está na constituição da alma e do corpo de cada
um, sendo, portanto, fonte do egoísmo dos homens.
Para Bacon, os ídolos constituem-se em noções falsas que compõem o intelecto humano e
atrapalham o acesso à verdade, podendo, assim, impedir o advento das ciências.
Trazendo-os à tirinha, podemos interpretar os ídolos como maior mina da existência do
racismo: o corrompimento da luz proveniente da verdade de que todos os indivíduos são
iguais causa a discriminação representada pela cor, como notada na situação.
O empirismo também é evidenciado pelas tirinhas. A obtenção do conhecimento pela
experiência ocorre uma vez que, para Dinho, a corrida é vista de forma inocente mesmo
com a presença do policial, e, para Camilo, a mesma se torna perigosa.
Destarte, é possível notar que o preconceito tem raízes presentes no próprio intelecto
humano, embora não seja representado pela racionalidade presente. Os ídolos, segundo
Bacon, precisam ser afastados, para que alcancemos a potencialidade do conhecimento.
Natalia Minotti - Direito matutino
Nenhum comentário:
Postar um comentário