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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Durkheim na Sociedade Contemporânea

Émile Durkheim foi um dos primeiros e mais importantes sociólogos que já existiu, sua contribuição para a consolidação e constituição da Sociologia é imensurável e suas principais ideias e teorias, embora tenham sido desenvolvidas há séculos atrás, explicam muitos dos fatos ocorridos atualmente, principalmente no que diz respeito ao assunto mais discutido nos últimos meses e especialmente na última semana: a justiça feita com as próprias mãos.
Ao criticar o caráter metafísico do positivismo de Comte, Durkheim defende a existência de uma consciência coletiva determinada pelos fatos sociais, sendo eles maneiras de agir, de pensar e de sentir que existem fora das consciências individuais e são dotados de um poder imperativo e coercitivo, impondo-se independentemente da vontade do indivíduo. Esses fatos sociais têm como origem as necessidades de ordenamento da sociedade e são exteriorizados, impostos e cumpridos por meio de práticas e instituições sociais.
Como exemplo tem-se a existência de mecanismos de punição de crimes, ocorrendo a repressão e a penalização não em virtude do delito em si, mas por esse representar uma ofensa à consciência coletiva que, caso não castigada, originaria ofensas piores e em maior número. A falha desses mecanismos provoca a sensação de inexistência de uma autoridade moral maior para cumprir sua causa efetiva, o que acaba determinando a execução desse papel por grupos não institucionalizados, tendo no uso desmedido da força seu principal método. É o que se observa no caso da ascensão de práticas de linchamento e no apoio dado a elas pela mídia sensacionalista e por uma parte da população, devido ao sentimento, cada vez maior, de que o Estado e os órgãos jurídicos são extremamente ineficientes no que diz respeito à execução de leis e à própria função de fazer justiça. Apesar de serem em parte entendíveis, esses atos de violência devem ser cessados imediatamente e como solução mais efetiva e, talvez, a única para isso deve-se retomar a confiança no sistema jurídico e a crença de que a justiça é feita através das leis e não no combate ao crime por intermédio de outros crimes.

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