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segunda-feira, 12 de maio de 2014

O coma (politicamente) induzido

Partindo do pressuposto de que a sociedade é um organismo funcional, onde cada "órgão" teria uma determinada prerrogativa, nos é apresentado um cenário onde o próprio crime passa a ser visto como algo natural, um mero distúrbio fisiológico desse sistema e que sinaliza para uma tomada de ação imediata - como uma febre.
Deste modo, é visível o imperativo que Durkheim dá à sociedade como mediadora das ações humanas. De fato, tal mediação só é possível pois os Fatos Sociais lhe dão uma visão plana e ampla de como se estruturam - em linhas gerais - as relações interpessoais.
De qualquer modo, nos panoramas apresentados é possível perceber com nitidez a forma como este determinismo afeta as sociedades apresentadas. No caso da Suécia, em um panorama que conta não só com um sistema educacional de qualidade bem como um sistema carcerário efetivo e que realmente visa à reintegração do marginalizado, o numero de detentos caiu vertiginosamente, de sorte que fez-se necessário o fechamento de pelo menos quatro centros de detenção. O fato demonstra a efetividade da educação na redução da criminalidade e mais do que isso, revela a coroa de louros de um sistema jurídico que de fato preza pela justiça e não fica somente fazendo demagogia com a opinião pública. De fato, a situação no Brasil é bem diferente, e isso não só pelo tamanho territorial do país, mas também pela forma como as políticas públicas têm sido negligenciadas em detrimento da manutenção do poder - e isto não vem de hoje, mas surge como o testamento que Portugal nos deixa através dos anos. Ora, é prerrogativa do Estado cuidar de seus cidadãos, é sua atribuição cuidar para que seus órgãos e organelas mantenham sua integridade afim de que o todo não colapse. E todos indivíduos têm, outrossim, direito a um cuidado especial - pelo menos em tese. No entanto, ao que parece, em um país com 190 milhões de organelas,  a falência de algumas não é de tudo ruim. Afinal, percebeu-se que o discurso fatalista e apocalíptico, com um tom loquaz do discursante - que surge como o messias, é mais efetivo e menos trabalhoso do que cuidar do povo um a um e simplesmente esperar sua gratidão para se manter no poder.
Mas o poder é um conceito etéreo e bem nebuloso, que trai quem o busca sem um objetivo fixo. E enquanto os políticos tropeçam nos obstáculos de suas ambições malfadadas, o povo tropeça em seus próprios cadáveres putrefatos e malcheirosos, indignados e inertes. Mas não se enganem, o odor desta putrefação em breve alcançará o sistema nervoso de nossa sociedade, para alertá-la sobre o mal - aí o tempo de ação será curto. Só então o povo se dará conta de que o Gigante não acordou e que, mais do que nunca, padece chagático - em coma.




Adolfo Raphael Silva Mariano de Oliveira        XXXI - Direito Noturno - 1º Ano

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