Recentemente,
um artigo veiculado pela revista Carta Capital, citou e defendeu como exemplar
o modo como os presos suecos são tratados. Ao invés de sanções com teor
estritamente punitivo, no país nórdico os praticantes de crimes leves possuem
tratamento voltado para sua ressocialização, com atividades que possam gerar
benefícios, e não apenas custos para a sociedade.
Indubitavelmente,
seria uma conquista enorme caso fosse aplicado tal sistema nas penitenciárias
de todo Brasil. Porém, não podemos esquecer o principal: estamos na terra de
governantes e governados cegos, o lugar onde o óbvio nem sempre é tão claro
como deveria ser.
Para
Durkheim, o crime é um fato social, talvez um dos mais evidentes. Sendo assim,
o crime, como qualquer fato social, possui diferentes efeitos e origens em cada
sociedade. O que leva um sueco a cometer um crime não é o mesmo que leva um
brasileiro a praticar o mesmo ato. Porém, a maneira de lidar com os criminosos
de infrações LEVES deveria sim ser copiada, afinal, acima de tudo todos são
seres humanos, e o que funciona com alguém nascido na Suécia, pode muito bem
funcionar com alguém oriundo do Brasil.
Infelizmente,
algo tão óbvio muitas vezes encontra caminhos cheios de pedras em uma sociedade
falha da base ao topo. O problema não é, como defendido pela revista Carta
Capital, uma consciência coletiva de que ‘’não se deve gastar com bandido’’. Ora, é ignorância dizer que em um país onde
cada detento gera um gasto mensal estimado em R$2000,00 esteja faltando verbas
para serem investidas na ressocialização de presos. Na verdade, o grande
problema é um velho conhecido de qualquer um nascido em terras tupiniquins, que
é a má administração do Estado. Aqui sim, meus caros, está a chave não só dos
problemas das penitenciárias brasileiras, mas sim de qualquer outra mazela que
nos assola no dia a dia. Aqui sim, está a principal lição que deveria ser
tirada das longínquas terras nórdicas.
Eu diria que
é no mínimo utópico esperar a mesma eficiência administrativa e organizacional
da sociedade sueca, um dos países com os mais altos IDH’s do mundo, seja
aplicada no Brasil a curto prazo. Ao invés de somente copiar as prisões, ou melhor, a
falta delas, deveríamos olhar de forma diferente para a Suécia. Um país que,
nas palavras de seu próprio ministro das finanças, provou que dinamismo e
igualitarismo não precisam necessariamente estar em oposição, deve ter muito
para ensinar, não é?
Mais do que
meras prisões, a Suécia é um exemplo de Estado que funciona e cumpre seu papel,
e por mais que tenha cometido erros, soube dar a volta por cima e se tornar um
dos melhores lugares do mundo para se viver. Um ‘’fato social’’ e tanto, não?
Muito mais mais do que meras prisões.
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