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domingo, 10 de março de 2013

Racionalismo cartesiano como controle da “Vontade Pessoal”


Com as Grandes Revoluções Burguesas do século XVIII, que combateram a irracional sociedade feudal e impuseram o modo de vida de uma nova classe social em ascensão, cada vez mais a sociedade tem se mostrado materialista e racional. René Descartes, pensador do século XVII, conhecido por sua desilusão com a contemplativa Filosofia Clássica e por defender que todo o conhecimento provém unicamente da razão - desprezando assim os sentidos na construção do saber - foi um dos intelectuais que influenciaram a concepção desse novo mundo tão limitado e paradoxal por essência, haja vista que é composto por indivíduos que são complexos e não inteiramente racionais.
Essa organização social que fora construída há 2 séculos atrás é uma sociedade onde as relações produtivas e sociais desprezam a pluralidade dos homens, fazendo com que os indivíduos tenham que vencer a si mesmos em prol da hiper-racionalidade (ou “Vontade do Mundo” como denomina Descartes) que não lhe é natural. Logo, é uma organização autoritária, alienante e que impede a expressão individual.
Deve considerar-se que esse desprendimento da própria humanidade é uma tarefa árdua e que envolve muito estudo, reflexão e por vezes até fuga da realidade como o próprio filósofo discursa em sua obra, fatores esses que evidentemente não fazem e nunca fizeram parte da realidade de toda a coletividade que mal consegue suprir suas necessidades primitivas. O pensador acredita que não existem pessoas mais racionais que outras, mas que as pessoas apenas guiam seus pensamentos por caminhos diferentes; entretanto nos dias de hoje, exigir que a classe trabalhadora, por exemplo, que vende sua força de trabalho diariamente e é vítima dos mais diversos tipos de exploração, recuse o conforto que a fé, o misticismo e os sentidos provêm é no mínimo injusto. Um filósofo que vive do ócio e um trabalhador não possuem a mesma possibilidade de aderir ao racionalismo extremista cartesiano.
Fica claro que “Discurso do Método” e sua recusa da capacidade de aprendizado de matérias humanas como a poesia e de tudo o que é provável ou subjetivo é ainda muito presente na atualidade, pois suporta sociologicamente essa sociedade racionalista que subjuga tudo o que há de mais humano, a fim de manter a expressão individual adormecida.

Amanda Verrone - Direito Noturno

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