A utilização do senso comum para julgar e classificar-se como verdadeiro, esta intrínseca a todo ser humano, entretanto tais verdades não possuem pilares sólidos que as sustentem. Essas são oriundas dos sentidos humanos e, assim como, a filosofia de tradição clássica geram uma descrença.
Tal descrença nos conhecimentos transmitidos pelo hábito levou Descartes a procurar nas letras e nas viagens o conhecimento que buscava. Entrar em contato com outros povos auxilia para um julgamento mais profundo, sem preconceitos superficiais de demais culturas, agindo de forma ''antropofágica'': absorvendo conhecimentos de demais culturas e não julgando, como leigos no assunto fariam. Entretanto, dedicar-se fielmente às viagens torna-se danoso, pois "tornando-nos estrangeiros em nossa própria terra"; já aplicar-se arduamente no estudo de autores de séculos passados faz com que "ficamos geralmente muito ignorantes das que se realizam no presente", não apresentando uma opinião crítica atual.
O conhecimento tornou-se o norte do autor moderno. Para ele "aqueles cujo raciocínio é mais ativo", ou seja, manipula melhor o conhecimento, possui melhor eloquência e retórica, podendo "convencer melhor".
Tendo por diretriz a busca de tal eloquência, Descartes elege princípios básicos como, por exemplo, duvidar sempre, fragmentar o saber, análise gradativa e a revisão.
O primeiro princípio originou-se da tentativa de "inclinar-se mais para o lado da desconfiança do que para o da presunção", isso sempre, mesmo que não vá haver rompimento com tal verdade.
O princípio da fragmentação procura facilitar a análise, pois compreender os fragmentos é entender toda a obra. Para o autor a busca do conhecimento leva ao entendimento da obra de Deus. Entretanto, há controvérsias, pois a fragmentação do conhecimento leva a um forte conhecimento de determinada parte e um conhecimento superficial do resto, sendo algo danoso para a busca do pleno entendimento.
A análise gradativa, estabelecendo conexões auxilia na maior obtenção do saber. Parte-se de dados simplórios avançando comumente à evolução do pensamento crítico.
Por fim, a revisão completa, fazer o "trabalho contrário", ajuda a avaliar determinados pontos da análise e criar articulações sobre o assunto.
René não procurou criar uma fórmula para alcançar todo o conhecimento, somente procurou mostrar o seu norte em busca de "um conhecimento claro e seguro de tudo o que é útil à vida".
Dalisa Aniceto (Direito Diurno)
Nenhum comentário:
Postar um comentário