Durante um longo período da história, a filosofia fora
pautada na tradição clássica e em preceitos não racionais. A explicação do
mundo, sobretudo pela influência de pensadores gregos, sustentava-se em
fundamentos místicos e sobrenaturais, que eram incapazes de provocar transformações
e interferências práticas na realidade humana.
Todavia, na Idade Moderna, uma nova corrente de pensamento,
o racionalismo, assumia uma postura iconoclasta contra esse conhecimento
tradicional, transcendental. O filósofo francês René Descartes foi um dos principais
responsáveis para lançar ao mundo uma filosofia embasada na luz da razão. Em
sua obra, “Discurso do Método”, Descartes elabora um procedimento científico
orientado pela razão a fim de produzir um novo conhecimento, isento de misticidade.
A lógica de seu método fundamentava-se no eterno ato de
duvidar. Descartes acreditava que as verdades tradicionais não eram confiáveis,
pois não refletiam nenhuma espécie de exatidão para seus questionamentos e estavam
sujeitas às interferências enganosas dos sentidos humanos. Desse modo, a fim de
encontrar a clareza, duvidava de tudo que não lhe fosse válido e posteriormente,
submetia o problema a uma minuciosa fragmentação para realizar uma reflexão profunda
e assim, buscar comprovar racionalmente as teorias existentes.
Essa é justamente a base que orienta a ciência. Por meio de
indagações e de uma análise cautelosa dos fragmentos de uma problemática maior,
a ciência é capaz de revelar ao mundo novos paradigmas que interferem
diretamente no cotidiano humano. Um nítido exemplo disso foi a comprovação de
que a miscigenação entre diferentes povos não acarreta problemas para a vida
humana, muito pelo contrário, ela diminui expressivamente a probabilidade de doenças genéticas. Essa descoberta
da ciência fragiliza teorias que davam o sustentáculo para políticas
discriminatórias como o Nazismo na Alemanha e o Apartheid na África do Sul.
Assim, o método de Descartes foi fundamental para dar o alicerce
necessário da ciência racional e questionadora, que não contempla o mundo, mas
o modifica.
Texto referente à aula 2
Juliana Galina Soares ( Direito Diurno)
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