O Discurso do
método inaugurou uma nova forma de pensar e agir na sociedade. A partir da
dúvida e da desconfiança a evolução aconteceu. Descartes, com sua nova postura,
mudou mais em sua época do que em 4 séculos. A ciência, que antes era vista como
vaidade de filósofos, astrólogos e alquimistas ganhou um objetivo maior:
transformar. Embora esse método seja
usado até hoje, pode se notar que a curiosidade humana está
cada dia mais superficial e assim, a mente regride e as engrenagens param.
Por muitos
séculos o conhecimento esteve nas mãos da Igreja. Os homens acreditavam na
intuição e no transcendental, como por exemplo, o fato de doenças serem castigo
de Deus e a compra de um pedaço do céu garantir a salvação. Hoje, ainda que
algumas formas religiosas dominem uma minoria com os dogmas, outras formas de alienação
cercam a população para que o homem não pense no que está a sua volta e
aceite o que lhe é mostrado. Assim, mesmo com o mundo nas pontas dos dedos, a
mídia influencia o homem a ponto deste rejeitar o conhecimento.
O homem contemporâneo
possui uma sabedoria estéril e mecânica, aprendendo apenas o que é necessário para
seu currículo e dificilmente duvidando sobre o que é ensinado. A fragmentação,
criada por Descartes, existe, porém seu uso apenas afirma a acomodação do homem
ao negar o conhecimento de outras áreas, focando em uma de seu interesse e
ainda assim, aceitando mais do que pesquisando. Dessa forma, as inovações são
feitas por minorias.
Assim,
paradoxalmente, quanto mais mecânico o homem se comporta, menos ele conhece
sobre as engrenagens que movem o mundo. Atrevo-me, portanto, a fazer uma nova
interpretação sobre o quadro de Salvador Dalí diante da frase de Descartes - “O
universo é como um relógio e suas engrenagens”- a partir do momento que negamos
a inquietação cartesiana, o conhecimento esvai-se assim como os relógios de
Dali derretem.
Giovanna Gomes de Paula.
Direito Noturno.
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