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domingo, 10 de março de 2013

Descartes e o Princípio da Dúvida


O pensador francês Renè Descartes propôs um sistema filosófico que tornava possíveis respostas para todas as questões filosóficas. Antes de Descartes, na Grécia Antiga, Platão e Aristóteles haviam criado sistemas que foram atualizados, sobretudo, na Idade Média, por São Tomás de Aquino. Com a revolução científica que foi o Renascimento – e que resultou em novas formas de ver e interpretar o mundo -  confrontando diretamente com a doutrina Escolástica e o dogmatismo cristão, surgiu a possibilidade de  um novo sistema. Esse sistema proposto por Descartes,seria o primeiro passo fundamentador para a criação da ciência moderna e um dos alicerces de todo pensamento moderno ocidental.
 Exposto em sua obra “O Discurso do Método”, tal sistema baseava-se no princípio da dúvida e tinha na razão o fator direcionador para a obtenção do conhecimento  verdadeiro. Para sistematizá-lo, o filósofo parte do pressuposto de que se pode negar tudo o que existe, menos da existência de um pensamento que duvida. Desse modo, ao dizer “cogito ergo sum”,( “penso, logo existo”) Descartes nega o ceticismo e crê no ‘Eu’ o decisivo campo de batalha entre a certeza  e a incerteza. A dúvida, assim, embora permanente sempre, será provisória, perdurando até o momento em que surja uma certeza invulnerável à mesma. Além disso, para Descartes a realidade percebida pelos sentidos é enganosa, opondo-se, nesse ponto, ao pensamento platônico. Contudo, o filósofo não tem como objetivo final romper com os clássicos, mas mostrar a partir de um outro viés prismático a racionalidade como uma teoria aberta para a obtenção do conhecimento e na qual terá nas ciências um fator de transformação.
Pode-se, então, dizer que o “Princípio da Dúvida” e sua sistematização racional pelo método cartesiano, fomentou de modo decisivo, embora confrontasse com o dogmatismo cristão da época assinalada, para o nascimento da ciência moderna e, desse modo, para a evolução da sociedade até os tempos atuais. Reflexo disso,é a presença maciça da tecnologia em nossas vidas, seja diretamente com o computador, o celular, o carro, a geladeira,seja indiretamente pela eletricidade, pela fibra óptica. Enfim, está por toda parte. Contudo, essa análise que aqui se expõe, tem como objetivo final a problematização da seguinte questão:  Numa sociedade que cada vez mais se prioriza o prático e o rápido, como não deixar que nossa capacidade crítica diante de tantas adversidades cotidianas sejam ofuscadas pela influência midiática, que insiste em dar respostas imperativizantes e direcionar à vida de grande parte da sociedade? Como atingir uma autonomia perante nossos pensamentos e dúvidas quando na maior parte do tempo somos obrigados a termos respostas densas, às vezes, para perguntas tão complexas? Certamente, a falta de respostas para essas perguntas estejam sendo usadas habilmente por àqueles que creem serem os “donos do saber” para a manipulação de nossos pensamentos. Daí pergunto novamente: Como conseguir aliar a razão e o pragmatismo cartesiano de modo a romper com as correntes da alienação atual?  Como obter a valiosa autonomia que Descartes tanto se perguntou ao longo de sua vida? Bem certo, que os interconectos sobre as mais diversas áreas do saber sejam um caminho plausível e viável, porém não o único e acessível à todos. Cabe, acredito, a cada um de nós, que possamos refletir com serenidade sobre isso ao longo do curso.

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