O pensador francês Renè Descartes
propôs um sistema filosófico que tornava possíveis respostas para todas as
questões filosóficas. Antes de Descartes, na Grécia Antiga, Platão e
Aristóteles haviam criado sistemas que foram atualizados, sobretudo, na Idade
Média, por São Tomás de Aquino. Com a revolução científica que foi o
Renascimento – e que resultou em novas formas de ver e interpretar o mundo
- confrontando diretamente com a doutrina Escolástica e o dogmatismo
cristão, surgiu a possibilidade de um novo sistema. Esse sistema
proposto por Descartes,seria o primeiro passo fundamentador para a criação da
ciência moderna e um dos alicerces de todo pensamento moderno ocidental.
Exposto em sua obra “O Discurso
do Método”, tal sistema baseava-se no princípio da dúvida e tinha na razão o
fator direcionador para a obtenção do conhecimento verdadeiro. Para
sistematizá-lo, o filósofo parte do pressuposto de que se pode negar tudo o que
existe, menos da existência de um pensamento que duvida. Desse modo, ao dizer
“cogito ergo sum”,( “penso, logo existo”) Descartes nega o ceticismo e crê no
‘Eu’ o decisivo campo de batalha entre a certeza e a incerteza. A
dúvida, assim, embora permanente sempre, será provisória, perdurando até o
momento em que surja uma certeza invulnerável à mesma. Além disso, para
Descartes a realidade percebida pelos sentidos é enganosa, opondo-se, nesse
ponto, ao pensamento platônico. Contudo, o filósofo não tem como objetivo final
romper com os clássicos, mas mostrar a partir de um outro viés prismático a
racionalidade como uma teoria aberta para a obtenção do conhecimento e na qual
terá nas ciências um fator de transformação.
Pode-se, então, dizer que o “Princípio
da Dúvida” e sua sistematização racional pelo método cartesiano, fomentou de
modo decisivo, embora confrontasse com o dogmatismo cristão da época
assinalada, para o nascimento da ciência moderna e, desse modo, para a evolução
da sociedade até os tempos atuais. Reflexo disso,é a presença maciça da
tecnologia em nossas vidas, seja diretamente com o computador, o celular, o
carro, a geladeira,seja indiretamente pela eletricidade, pela fibra óptica. Enfim,
está por toda parte. Contudo, essa análise que aqui se expõe, tem como objetivo
final a problematização da seguinte questão: Numa sociedade que cada
vez mais se prioriza o prático e o rápido, como não deixar que nossa capacidade
crítica diante de tantas adversidades cotidianas sejam ofuscadas pela
influência midiática, que insiste em dar respostas imperativizantes e
direcionar à vida de grande parte da sociedade? Como atingir uma autonomia
perante nossos pensamentos e dúvidas quando na maior parte do tempo somos
obrigados a termos respostas densas, às vezes, para perguntas tão complexas?
Certamente, a falta de respostas para essas perguntas estejam sendo usadas
habilmente por àqueles que creem serem os “donos do saber” para a manipulação
de nossos pensamentos. Daí pergunto novamente: Como conseguir aliar a razão e o
pragmatismo cartesiano de modo a romper com as correntes da alienação
atual? Como obter a valiosa autonomia que Descartes tanto se perguntou ao
longo de sua vida? Bem certo, que os interconectos sobre as mais diversas áreas
do saber sejam um caminho plausível e viável, porém não o único e acessível à
todos. Cabe, acredito, a cada um de nós, que possamos refletir com serenidade
sobre isso ao longo do curso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário