As horas, dias e anos
passam com uma velocidade desnorteante, e assim o mundo vai mudando, assumindo
novas formas e cores, acolhendo novas gerações e até espécies, trazendo vida,
mas também morte, criando e destruindo. As transformações são naturais, involuntárias
e inerentes ao nosso próprio organismo, composição biológica, `a vida, sendo
impossível lutar contra isso. Nascemos através do encontro de gametas, que dá
origem a um zigoto, e este sofre
consecutivas mitoses até se tornar um ser completo; só este fato demonstra o quanto as
modificações fazem parte de nossas vidas, desde a raiz da vida até seu fim, quando corpos em
putrefação se desfazem em matéria orgânica .Ate memo as ciência da matemática,
da física e outras, que parecem ter um caráter intensamente estático e exato,
estão sempre se renovando e refutando conceitos . O mesmo ocorre com as nossas opiniões,
valores e ideias; mudam conforme o
passar do tempo, adquirem novos aspectos
através da aquisição de novas experiências e com
a prática da vivência, quando deixam de ser apenas teoria , e adiquirem caráter
prático.
Ao analisar alguns
trechos da obra de Descartes, percebo o quanto essas transformações estão
presentes no seu pensar e, em extensão,
no nosso pensar; pois a criação de sua
filosofia consiste em adotar valores básicos primeiramente , para que
posteriormente , se possa trabalhar no desenvolvimento daquele , através da observação do mundo e da
própria contrução de sua filosofia.
Mas o que nos
cabe questionar é :
Como devemos nos portar na busca do
conhecimento, sem criar uma resistência a essas transformações morais , pois
mesmo que a idéia de neutralidade e desvinculação sentimental seja adotada como
base no estudo científico moderno, sabemos que, em prática, é muito conflitante
conciliar suas próprias convicções à idéias racionalizadas, adotadas como
referencial na modernidade. Ao mesmo tempo em que, resistimos em deixar nossas
ideias preestabelecidas, por medo de perdermos nossa identidade e nosso “EU”,
tememos ser hipócritas e acabar por marginalizados , se distanciando da
VERDADE, como se ficassemos cegos por nossas convicções, como que na ideia de
Nietzsche de que "As
convicções são cárceres.", ou no
mito da caverna de Platao , em que , no caso, nossas convicções seriam
as sombras vistas pelos habitantes da caverna, so que para estes, elas seriam a própria imagem das coisas, e
assim acabam por ser privados do mundo
real( da sabedoria).
Descartes afirma que
“não via no mundo nada que continuasse sempre no mesmo estado, e porque, no meu
caso particular, como prometia a mim mesmo aperfeiçoar cada vez mais os meus
juízos, e de maneira alguma torná-los piores, pensaria cometer grande falta
contra o bom senso, se, pelo fato de ter aprovado então alguma coisa, me sentisse
na obrigação de tomá-la como boa ainda depois, quando deixasse talvez de sê-lo,
ou quando eu parasse de considerá-la tal”. Assim, ao entender a dinâmica do
pensar, consigo ver que nao há
necessidade de sentir culpa, como se
estivessemos nos corrompendo , ao deixar
para trás um antigo valor , pois encontramos
um que nos satisfizesse mais , ou porque , com novas percepções, não o temos
mais por correto. Por não estarmos ligados por um contrato ou algema à
esses ideais, não temos obrigações para com eles, estamos assim, livres e
abertos para novas visões de mundo, e a novos valores, sendo importante
ressaltar aqui a necessidade de utilizar-se
da racionalização para julgar essas novas concepções, antes de torná-las
parte nossa , para que , de maneira alguma , nos enganem ou ludibriam.
Jéssica Duquini
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