Descartes,
filósofo renascentista, foi um ícone na arte de racionalizar. Rompendo com os
dogmas eclesiásticos, tão impostos e tão míticos que já não mais satisfaziam a
curiosidade humana e também já não lhe causava tanto medo. Assim, Descartes foi
essencial para o desenvolvimento científico e a base do modo de vida na
contemporaneidade com o culto à razão e também a ideia de que a divisão de
temas e a especialização levariam ao desenvolvimento da ciência e tecnologia
com rapidez.
Essas características,
com seus males escusos na época, hoje trazem consequências negativas ao
desenvolvimento do ser humano como pessoa, não como cientista. Primeiramente
que há coisas não racionalizáveis, pois são imprevisíveis e naturais, e o “cientista”
dessa área não capta muito bem sua essência já que está apenas preocupado com padrões.
Em segundo lugar, a sociedade inteira acabou engessando-se no formal, ignorando
que há ideais, respeito, valores que são atropelados por uma inversão que
prioriza papéis sociais e hierarquia. Além disso, o homem torna-se cada vez
mais alheio à sua realidade, pois se fala de cultura quem trabalha com ela, fala-se
de política os políticos, fala-se de ciência os cientistas. Mas e a pluralidade
do homem? E todo os aspectos da sua vida que passam a ser tratados por
terceiros e que aquele nem intervém? O homem separa-se de sí mesmo, e este é o problema fundamental dessa constante divisão do mundo em setores. A única função
do homem tornou-se ser útil pra sociedade, uma das grandes críticas
foucaultiana, que somos agora úteis e dóceis porque desse modo somos muito mais
convenientes.
Mariana Moretti Ribeiro
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