René Descartes pregava a razão como caminho para a verdade e fazia uma crítica ferrenha ao chamado "conhecimento sobrenatural", mas nem por isso deixou de pregar a ideia de Deus como grande provedor do conhecimento e da superioridade do homem. Em uma análise superficial, pode-se considerar isso uma incoerência brutal, mas analisando o contexto histórico, compreende-se o porque de tal pensamento ser válido.
O Discurso do Método foi publicado na França em 1637. O Evolucionismo de Charles Darwin, a Relatividade de Albert Einstein, o Big Bang de Georges Lamaître, o Bóson de Higgs procurado pelos pesquisadores do CERN (sigla em francês para Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear), nada disso havia sido publicado, e todas as perguntas respondidas por tais estudos, na época em que viveu Descartes tinham uma única resposta: Deus.
Porém, tais descobertas só foram possíveis graças a um princípio cartesiano fundamental: "rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor dúvida". A ciência moderna é fruto do método cartesiano, do empirismo, do conhecimento obtido através da investigação científica e não através do hábito.
Dizer que a crença em Deus de um homem do século do XVII é uma incoerência com relação ao que publicou, não passa da negação dos méritos de um filósofo fundamental para a compreensão do mundo tal como ela é hoje.
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