O ato de duvidar abordado pelo livro Discurso do Método é
retratado com destaque pelo autor, uma vez que faz parte do processo racional
de obtenção da verdade e do combate ao engano, à aceitação passiva de
conhecimentos por vezes equivocados. Todavia vale ressaltar que a prática de
tal ato não é tão eficiente e ideal assim.
A maioria das pessoas é vencida naturalmente pela cultura de
massa e acaba por consumir produtos e valores muitas vezes inúteis sem ao menos
perceber. Ou ainda, exerce um senso crítico restrito a certos assuntos como,
por exemplo, programas de televisão, jornais ou mesmo livros filosóficos.
Para perceber esta restrição basta reparar na opinião emitida
pela população jovem sobre novelas. Quase sempre o grupo referido comenta sobre
o caráter manipulador da mídia e sobre o quão vazio é o conteúdo das histórias,
sendo que o mesmo parecer praticamente se aplica aos jornais televisivos –
também considerados como algo sensacionalista por grande parte dos
telespectadores. Entretanto, não seriam essas opiniões cômodas e suspeitas, uma
vez que parecem críticas e reproduzem argumentos já há muito tempo ditos?E
pior, não estaria algum detalhe importante de conhecimento passando
despercebido diante de tamanha atitude defensiva?
É muito possível que haja diversos questionamentos e análises
a serem feitos sobre a positividade de tais canais de comunicação e é mais
possível ainda a existência de vários aspectos relevantes
sendo ignorados em decorrência de tal conduta clichê do ser humano.
De qualquer forma,
é inegável que o princípio da dúvida e o senso crítico ainda se fazem presentes
no século XXI. Também é fato que o seu alcance está limitado, afinal, o homem
contemporâneo subestima alguns assuntos e superestima outros, quando, na realidade, deveria
manter-se alerta para toda e qualquer informação a fim de captar a verdade sob
diferentes ângulos.
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