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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Uma sociedade desigual

Max Weber criou o conceito de “tipo ideal” no qual para ele seria uma ferramenta metodológica para a análise. Ela seria motivada pela nossa imaginação o que significa que há variações nos tipos ideais construídos pelos indivíduos. O tipo ideal é um parâmetro de observação e de comparação com a realidade o que demonstra a variação das possibilidades do real. Um exemplo de tipo ideal seria a máxima “todos são iguais perante a lei” que apesar de ser um parâmetro, não é realidade para todos os cidadãos da sociedade brasileira no século XXI.

A princípio, há segmentos da população que acredita que não há mais racismo na sociedade, no entanto o racismo estrutural é uma realidade e ela precisa ser mudada. De acordo com o Atlas da Violência de 2020 em 2018 os negros representavam 75,7% das vítimas de homicídio, apesar de representaram 55% da população brasileira. Ainda segundo o Atlas para cada indivíduo não negro morto em 2018, 2,7 negros foram mortos. Esses dados demonstram uma sociedade que privilegia alguns grupos em detrimento de outros.

Outrossim, a fala “sabe com quem está falando?”, uma expressão conhecida por ser utilizada por pessoas que acreditam que estão acima das leis é algo decorrente na sociedade atual. Prova cabal disso é o caso do desembargador que humilhou um guarda municipal que pediu para ele usar a máscara -item obrigatório devido a pandemia do coronavírus. No caso, o desembargador rasgou a multa, chamou o guarda de analfabeto e ainda deu uma carteirada, ou seja, utilizou-se do seu cargo e de sua condição financeira e social para tentar obter privilégio.  Outro exemplo similar é o caso no qual um casal sem máscara discutiu com um agente da fiscalização sanitária e uma de suas falas foi “Cidadão, não. Engenheiro civil, formado. Melhor do que você”. Esses acontecimentos mostram pessoas que se sentem superiores apenas por terem um ensino superior completo e um bom emprego e se acham no direito de humilhar as pessoas ao seu redor e se sentirem superiores as leis.

Apesar do princípio de que “todos são iguais perante a lei”, ela pode ter várias interpretações, ou seja diferentes parâmetros,  o que depende de quem é o individuo e qual a é a realidade a que ele se encontra e está vivendo porque para alguns a igualdade perante a lei é uma luta diária e um objetivo para ainda ser alcançado quando comparado com a elite dominante brasileira.

 

Referências

Desembargador humilha guarda após multa por não usar máscara em SP. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2020/07/19/desembargador-humilha-guarda-apos-multa-por-nao-usar-mascara-em-sp-analfabeto.ghtml

Cidadão não engenheiro civil. Isto é. Disponível em: https://istoe.com.br/cidadao-nao-engenheiro-civil-casal-que-atacou-fiscais-no-rio-e-criticado-nas-redes/

Assassinatos de negros aumentam 11,5% em dez anos e de não negros caem 12,9% no mesmo período, diz Atlas da Violência. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/27/assassinatos-de-negros-aumentam-115percent-em-dez-anos-e-de-nao-negros-caem-129percent-no-mesmo-periodo-diz-atlas-da-violencia.ghtml

Maria Júlia Servilha Hasegawa- noturno

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