No Brasil da atualidade não é desconhecido que por anos houve um enorme esforço para a desmoralização e descrédito da política, levando a eleição deputados e senadores, além do presidente, que se denominam antipolítica e com discursos, evidentemente falsos, sobre anticorrupção, moral, religião e respeito à coisa pública, valores altamente demandados no cenário político dos últimos anos. A partir disso, dois questionamentos podem ser feitos: por que e como os eleitores agem dessa forma contraditória.
Através da ferramenta weberiana do tipo-ideal, será possível iluminar a questão do porquê de tal ação dos eleitores. O brasileiro médio entende a política como um grande esquema de corrupção que visa a extorsão da população para o benefício da classe política, a qual opera pelo Congresso Nacional, cuja destinação é concentrar todo tipo de saqueador. Por meio da politização do judiciário, até mesmo a cúpula da Justiça Federal passa a ser vista pela população como uma entidade destinada a trair a população em nome da própria ganância ou de interesses estrangeiros, tal como os "comunistas". No campo na política externa, vêm os Estados Unidos como uma nação amiga e aliada do Brasil, a China como arquirrival, a Argentina como a nação acometida pelos adeptos do Comunismo. Já a figura do político se trata de um indivíduo vil, malicioso e mandrião, o qual não merece respeito e nem dignidade justamente por se tratar dessa personalidade destinada a corromper, desviar e prejudicar a nação.
Dito isso, estabelece-se um tipo-ideal que se encaixa de forma genérica à grande parte dos eleitores dos dias de hoje. É necessário que se diga que o povo brasileiro, na média, é um povo bastante carente de formação intelectual em todos os aspectos (história, política, português...), logo são facilmente manipuláveis, sobretudo quando se é um trabalho consistente, frequente e intensivo, tal como foi visto na última eleição. Além disso, os escândalos de corrupção dos últimos anos foram fatores grandemente relevantes para a formação caricata da política na mentalidade do povo, aliadas a notícias falsas propagadas em massa, campanhas de arruinamento de reputação, demonização de partidos políticos (com a criação de tipo-ideais concebidos para desinformar).
Com todos esses fatores, embasados nesse tipo-ideal, deduz-se uma parcela do questionamento de como tais eleitores agem dessa forma. Pode-se inferir que foi criada a concepção na mentalidade brasileira uma ação social determinada racionalmente por valores. Ação social porque o voto é uma ação que é orientada, neste caso, pelo comportamento de homens e mulheres públicos que estão situados na extrema-direita, que tentam ludibriar o eleitor para a efetivação de seus valores antidemocráticos, assim como se vê corriqueiramente nos noticiários, tal como senador corruptor, deputado que apoia o fechamento do Congresso, entre outros casos. Já pelos aspectos dos valores que determinam essa ação, são todos aqueles que são todos aqueles altamente demandados supracitados e que constam em todos os discursos antissistema.
Portanto, é imperioso tratar dessa contradição do eleitor brasileiro, que acredita ter feito uma boa escolha nas eleições de 2018, contudo o que se vê na realidade política é exatamente o oposto daquilo que o brasileiro quis. Se não tratada adequadamente, o quadro eleitoral de 2022 se repetirá, e aqueles que foram eleitos na última eleição tornarão a ganhar novos mandatos. Além disso, a elaboração de diversos tipos-ideais será extremamente útil para a percepção da política interna, o que poderá ser guia para a interpretação das ações sociais das pessoas e, por conseguinte, corrigir os erros que os democratas vêm cometendo nos últimos anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário