Cultura e poder
Para Weber, o cientista social tinha como papel
demonstrar o objetivo do ator social e não dizer o que o mesmo deve fazer,
assim, Weber contraria Marx quando o mesmo já presume como o ator social age em
determinadas situações. Isso faz com que, para o sociólogo, a ciência social
seja a ciência da cultura, que trata a respeito da realidade, criticando e
explicando o mundo. Logo, se torna
impossível que as ciências sociais sejam neutras em suas análises.
Nos seus estudos, Weber entendeu que o
indivíduo por si só ocupa um lugar central na sociedade, pois a partir do
momento que se fala do todo, se refere à trajetória da ação social de cada
indivíduo em particular. Essa trajetória faz com que criemos uma cultura
social, que é responsável por compor o sentido das nossas ações, explicando-as e
incluindo-as no todo. Assim, para Weber, a cultura vem antes da economia,
fazendo com que as coisas que ocorrem na sociedade sejam justificadas pela
cultura da mesma e não pela economia, a partir do momento que a economia é
parte da cultura.
Trazendo para o âmbito do direito, o sociólogo
entende que o mesmo tem função essencial no enquadramento social, a partir do
momento que ele representa formas de moldar as ações na sociedade. Portanto, os
“detentores do direito” são pessoas de extrema importância dentro de uma sociedade,
pois eles mantêm a ordem social baseando-se em normas que ajudam no molde das
ações sociais.
Contudo, o Direito torna-se um Tipo ideal, na
visão Weberiana, a partir do momento que na teoria regulamenta garantias a
respeito da isonomia, por exemplo, mas na prática endossa o domínio exercido
pelas elites da sociedade, que através da linguagem rebuscada, por exemplo, exerce
um poder perante o restante da sociedade. Isso faz com que o poder seja usado
para distinguir e mobilizar as relações sociais existentes, tendo em vista que
todas essas são perpassadas por ele. Dessa forma, o direito reproduz os
discursos elitistas a fim de manter os interesses da elite, que detém o poder.
Essa legitimação do discurso elitista pode ser
encontrada facilmente nos discursos da elite brasileira atual, quando, por
exemplo, um desembargador, influente e conhecedor de pessoas influentes, se
nega a utilizar máscara e, além disso, xinga o policial que o multou. Isso
ocorre porque, pelo fato dele ser detentor de poder e assim se entender como um
ser dominante, que para Weber é a “oportunidade de ter um comando de um dado
conteúdo especifico obedecido por um dado grupo de pessoas”, as atitudes dele
não sejam encaradas da forma que seriam normalmente vistas caso ele fosse uma
“pessoa comum”
Portanto, para Weber as ações individuais
constroem a sociedade e, assim, formam a cultura da mesma, de modo que se torne
algo intrínseco à própria sociedade. Isso torna a ciência social, como uma
ciência da cultura, fundamental para o entendimento de uma determinada
sociedade, explicando a ação dos indivíduos na realidade social, a partir da
sua conexão de sentido.
Mariana Boteguim Petter- 1º ano direito noturno
Referências bibliográficas:
WEBER, Max. “Os
conceitos de poder e dominação”. In: Conceitos Básicos de Sociologia. São
Paulo: Centauro, 2002, p. 97
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