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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Sob Domínio Moral

 

O que é poder? Na obra “Conceitos Básicos de Sociologia”, Max Weber pontua poder como: “a oportunidade existente dentro de uma relação social que permite a alguém impor sua própria vontade mesmo contra resistência e independentemente da base na qual essa oportunidade se fundamenta” (pg. 96). Por conseguinte, chega-se à conclusão de que o poder expressa a competição de vontades.

Visto isso, seguimos para a conceituação da expressão do poder, a dominação. A qual é definida, na mesma obra, como: “ter o comando de ter o comando de um dado conteúdo especifico, obedecido por um dado grupo de pessoas” (pg. 96). Desse modo, é possível identificar que a dominação é a sobreposição da vontade de um sobre a de outrem, sendo esses indivíduos ou grupos. Assim, pontua-se, também, a legitimidade, que é a aceitação da dominação, seja por motivos afetivos, racionais ou vinculados ao carisma.

Entendidos esses conceitos, faz-se necessário o exercício da contextualização da perspectiva weberiana na sociedade contemporânea. Começando pela dominação, essa não se apresenta somente em casos explícitos, como no autoritarismo, ou no totalitarismo de um Estado, mas também em todas as relações sociais, que por mais neutras que possam parecer, também apresentam uma relação de dominação. Por exemplo, em uma mera discussão quem utilizar os recursos escassos da intelectualidade da melhor forma e, dessarte, convencer o outro de suas convicções, acaba por exercer dominação sobre o que fora convencido.

Ademais, parto, agora, para a estrutura da atual sociedade capitalista, na qual é expressa a dominação e a legitimação desta sobre as classes trabalhadoras. De modo que essas não são entendidas pela análise econômica do conflito de classes, mas pela analise cultural e valorativa dessa sociedade (majoritariamente cristã e que venera o trabalho). Pois, é através do discurso meritocrático de que o trabalhador pode alcançar outro patamar social através do trabalho e da livre iniciativa que o capitalista consegue legitimar sua dominação sobre o proletariado e, destarte, cooptar esse último a defender interesses que não o favorecem. Interesses esses como, por exemplo, a defesa de propostas políticas que desestruturam as conquistas trabalhistas.

Tal dominação é exercida, dessa forma, pelo mesmo fato mencionado inicialmente; o da utilização do recurso intelectual escasso, o conhecimento, da forma mais eficiente e, sendo assim, possível cooptar a massa proletária a aderir a determinada convicção ideológica que a mantenha sob domínio moral, para que não haja subversões da estrutura social.

Portanto, é nítido que a cultura e os valores impostos pelo capitalismo são, majoritariamente, os princípios que determinam a estrutura e manutenção desse sistema. E, além disso, determinam, mais do que economicamente o conflito de classes (por si só), o aspecto da dominação e sua legitimação sobre a classe trabalhadora.

Thales Goulart                                                                          Direito - 1Ano - Diurno

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