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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Max Weber analisava o mundo de hoje ao escrever?


Max Weber, em sua obra “A ‘objetividade’ do conhecimento na ciência social e na ciência política”, se mostra extremamente relativista, fazendo jus à corrente que representa, sendo demasiado neutro em relação às suas pesquisas para a revista. Para ele, o papel da ciência social é exatamente demostrar neutralidade em seus escritos, pois não há um lado certo e um errado, já que, para isso, depende da cultura de cada sociedade, das cosmovisões de cada indivíduo e de seus juízos de valores, não podendo nem devendo haver leis universais para essa ciência humana. No entanto, o que a revista deve fazer é se basear em verdades empíricas para não ser confundida com os valores próprios do ser humano, os quais ele tem para si como verdades.

Essas afirmações de Weber nos remetem ao que ocorre no Brasil atual com uma evidente disputa entre o Governo Federal e o jornalismo. Desde sua eleição, o presidente Jair Bolsonaro tem sido muito rígido com mídias que não o apoiam, tais como o grupo Estado, a Folha de S. Paulo, O Globo e, principalmente, a rede Globo. Ainda em novembro de 2018, barrou O Globo, o Estado e a Folha de participarem da sua primeira coletiva de imprensa como presidente, o que já gerou um certo desconforto por parte dos veículos, já que, segundo imagens do local, sobrava espaço. No entanto, o problema se agravou ainda este ano com a pandemia de Covid-19, em que o capitão reformado tem atacado jornalistas não apenas nas redes sociais, mas também pessoalmente, sendo um dos mais problemáticos o dia em que passou a atrasar a divulgação dos números oficiais diários de mortos e infectados pelo novo coronavírus, algo considerado crime por ser de direito da população ter acesso a essas informações, simplesmente porque estava com bronca da TV Globo os divulgando de modo que atrapalhava a economia, chegando a dizer “Acabou matéria do Jornal Nacional”. Outro momento muito desrespeitoso ocorrido no final de agosto, após melhorar da doença, da qual aproveitou para fazer propaganda da cloroquina durante todo seu processo de tratamento, Bolsonaro diz, primeiramente, “os senhores, agora, são responsáveis por muitas vidas [perdidas]”, chega a mostrar sua medalha de Pacificador com Palma que ganhou por ter salvado a vida de um soldado do Exército em 1978, e chega a dizer à imprensa “[...] porque eu salvei a vida de uma pessoa um dia, diferente da profissão dos senhores”. Mesmo após essa frase, ele ainda continua: “sempre fui atleta das Forças Armadas, aquela história de atleta que o pessoal da imprensa vai ‘pro’ deboche, mas quando [o Covid-19] pega num ‘bundão’ de vocês, a chance de sobreviver é bem menor [que a minha]”. Ou seja, além de ofender os repórteres, também ofendeu os familiares de pessoas que não sobreviveram à doença.

O discurso do presidente durante toda o esse período de pandemia foi de querer que tudo voltasse ao normal para que a economia voltasse a andar, pois neste momento, não só no Brasil, mas no mundo todo, os comércios fecharam. O problema é que o Messias não contava com um número de mais de 120 mil mortos, o que fez muitos empresários desacreditarem do Brasil frente ao combate ao coronavírus, tirando suas empresas do país. Interpretando Max Weber, a economia não costuma andar sozinha, ela sempre é acompanhada de outras questões economicamente condicionadas, e uma associação principal é a questão social, aqui, no caso, a questão da saúde, ou seja, se o presidente não toma medidas de proteção contra o vírus, a economia não voltará a crescer nem com todos os comércios abertos, pois, como disse o prefeito Bruno Covas ainda em março, no início da pandemia, "não adianta abrir o comércio se não tiver cliente vivo para ir ao comércio", claro, agora são mais de 120 mil consumidores em potencial a menos no país.

Ana Carolina Costa Monteiro de Barros - 1º ano - Direito Noturno

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