Max
Weber, em sua obra “A ‘objetividade’ do conhecimento na ciência social e na
ciência política”, se mostra extremamente relativista, fazendo jus à corrente que
representa, sendo demasiado neutro em relação às suas pesquisas para a revista.
Para ele, o papel da ciência social é exatamente demostrar neutralidade em seus
escritos, pois não há um lado certo e um errado, já que, para isso, depende da
cultura de cada sociedade, das cosmovisões de cada indivíduo e de seus juízos
de valores, não podendo nem devendo haver leis universais para essa ciência
humana. No entanto, o que a revista deve fazer é se basear em verdades
empíricas para não ser confundida com os valores próprios do ser humano, os
quais ele tem para si como verdades.
Essas
afirmações de Weber nos remetem ao que ocorre no Brasil atual com uma evidente disputa
entre o Governo Federal e o jornalismo. Desde sua eleição, o presidente Jair
Bolsonaro tem sido muito rígido com mídias que não o apoiam, tais como o grupo
Estado, a Folha de S. Paulo, O Globo e, principalmente, a rede Globo. Ainda em novembro
de 2018, barrou O Globo, o Estado e a Folha de participarem da sua primeira coletiva
de imprensa como presidente, o que já gerou um certo desconforto por parte dos
veículos, já que, segundo imagens do local, sobrava espaço. No entanto, o
problema se agravou ainda este ano com a pandemia de Covid-19, em que o capitão
reformado tem atacado jornalistas não apenas nas redes sociais, mas também pessoalmente,
sendo um dos mais problemáticos o dia em que passou a atrasar a divulgação dos
números oficiais diários de mortos e infectados pelo novo coronavírus, algo considerado
crime por ser de direito da população ter acesso a essas informações, simplesmente
porque estava com bronca da TV Globo os divulgando de modo que atrapalhava a
economia, chegando a dizer “Acabou matéria do Jornal Nacional”. Outro momento
muito desrespeitoso ocorrido no final de agosto, após melhorar da doença, da
qual aproveitou para fazer propaganda da cloroquina durante todo seu processo
de tratamento, Bolsonaro diz, primeiramente, “os senhores, agora, são responsáveis
por muitas vidas [perdidas]”, chega a mostrar sua medalha de Pacificador com
Palma que ganhou por ter salvado a vida de um soldado do Exército em 1978, e
chega a dizer à imprensa “[...] porque eu salvei a vida de uma pessoa um dia,
diferente da profissão dos senhores”. Mesmo após essa frase, ele ainda continua:
“sempre fui atleta das Forças Armadas, aquela história de atleta que o pessoal
da imprensa vai ‘pro’ deboche, mas quando [o Covid-19] pega num ‘bundão’ de
vocês, a chance de sobreviver é bem menor [que a minha]”. Ou seja, além de
ofender os repórteres, também ofendeu os familiares de pessoas que não
sobreviveram à doença.
O discurso
do presidente durante toda o esse período de pandemia foi de querer que tudo
voltasse ao normal para que a economia voltasse a andar, pois neste momento,
não só no Brasil, mas no mundo todo, os comércios fecharam. O problema é que o
Messias não contava com um número de mais de 120 mil mortos, o que fez muitos
empresários desacreditarem do Brasil frente ao combate ao coronavírus, tirando
suas empresas do país. Interpretando Max Weber, a economia não costuma andar
sozinha, ela sempre é acompanhada de outras questões economicamente
condicionadas, e uma associação principal é a questão social, aqui, no caso, a
questão da saúde, ou seja, se o presidente não toma medidas de proteção contra
o vírus, a economia não voltará a crescer nem com todos os comércios abertos,
pois, como disse o prefeito Bruno Covas ainda em março, no início da pandemia, "não
adianta abrir o comércio se não tiver cliente vivo para ir ao comércio",
claro, agora são mais de 120 mil consumidores em potencial a menos no país.
Ana Carolina Costa Monteiro de Barros - 1º ano - Direito Noturno
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