"A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais. [...] Dissolvem-se todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de ideias secularmente veneradas; as relações que substituem tornam-se antiquadas antes de se ossificar." Essa passagem, do Manifesto do Partido Comunista, exemplifica uma temática fortemente discutida por Engels e Marx durante sua obra: o detrimento das relações sociais devido ao modus operandi do sistema burguês instaurado e até hoje vigente.
Colocando como condição de existência da burguesia a necessidade de revolucionar os instrumentos de produção, as relações sociais tornam-se refém do meio de trabalho. A vida passa a organizar-se com o trabalho como seu centro principal, transformando as relações sociais em um "produto" que possui importância relativa, pois essa não garante sua sobrevivência (pelo menos no que condiz com o aspecto físico).
A noção que um coletivo poderia conseguir a felicidade geral a partir da mútua dedicação não consta mais nos planos do indivíduo atual. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, afirma que o desenvolvimento não é mais um fator coletivo, não é mais pensado como parte de algo maior; é agora parte das escolhas de homens e mulheres, que deverão, às suas custas, usar de seu juízo, tempo, dinheiro para atingir seu objetivo, agora infinito, visto que não há mais um ponto final (objetivo)
A forma de trabalho muda e assim, a vida.
João Zago, Direito Noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário