Enferrujando as máquinas
enferrujamos como aquelas antigas máquinas a vapor.
Nos ofertam carros e casas
e parcelas e sonhos de insônia.
Aceitamos
a ferrugem nos dedos e o juros no fim do mês.
Aceitamos a ferrugem nos dedos e os “salários de fome” em trens para as estrelas.
Nos perguntavam o que seríamos quando crescêssemos,
Respondo agora com ânimo nos olhos:
Serei máquina.
Esperarei assim como Pedro, o pedreiro, esperou.
Esperarei minha hora, ela há de chegar.
Esperarei o tempo parar de nos corroer.
Venham crianças, sejamos máquinas e nada mais.
Só isso importa, produzir alguma coisa que eu não sei o que é,
Mas
Venham crianças, sejamos máquinas e esperaremos juntos alguma coisa acontecer antes de enferrujarmos por completo.
Giovanna Lima e Silva - direito noturno
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