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segunda-feira, 27 de maio de 2019

Há limites para a viscosidade da Pós-Modernidade?


     Ao longo da cronologia preenchida pela vivência humana, inúmeros são os pensadores – dos mais variados conhecimentos – responsáveis por submeterem suas ideias à existência do ser humano. Qual é a nossa fonte? Por onde percorre nossa foz? E ainda: qual nossa finalidade, se é que existe alguma, nesse tempo, nesse espaço? Todas são perguntas que aguçaram não só a racionalidade humana, mas também nosso poder de ficção, dada a ontologia existente em cada um de nós que clama pela necessidade de preencher lacunas talvez jamais “respondíveis” com rigor.

    Entre Estados Naturais e Sociais, positivistas e contratualistas, surge o materialismo dialético de Karl Marx e Friedrich Engels – bastante influenciados por Hegel – visando não só compreender os espaços de disputa contínua ao longo da História, como ainda prendem-se em afirmar, sob uma visão econômica, que o futuro social, em um contexto de diferenças e desigualdades pautados pelo Capitalismo do século XIX, estaria fadado a intensos influxos contrários da base da pirâmide, ou seja, daqueles forçosamente submetidos e inseridos nos antagonismos da burguesia.

    Pautado também na luta de classes e ramificações do Capitalismo, Richard Sennett em sua obra “A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo” traz o conto de Enrico e Rico, pai e filho respectivamente, sob uma visão de um didático marxismo. Enrico, um moderno, ambientado em uma sociedade de concretudes e estabilidades, idealiza para seu filho (Rico), o pós-moderno, o Sonho Americano.

   Rico estereotipado pelo ethos norte-americano, vive imerso sob a flexibilização da sistemática capitalista, sem tempo nem para resistir, vê instituições ora concretas esvaírem sob seus olhos diante a efemeridade da Modernidade Líquida - conceito por Zygmund Bauman.

    O Capitalismo é um sistema que se alimenta não só da concretude humana, mas também de nossa liquidez. Nutrir-se não é seu problema: adapta-se ao foro racional, mas também ao fictício. A Pós-Modernidade perante investidas neoliberais ganha viscosidade ilimitada: a liberdade veste a roupagem do controle, cabendo aos homens e mulheres a luta pela sobrevivência.

   Diante tanto dinamismo, a polarização cresce a cada instante. De um lado surgem correntes cada vez mais conservadoras, como por exemplo os fundamentalismos, e de outro, pessoas que querem novos respaldos e mais proteção dos poderes estatais. Todos com o ponto comum (a síntese), de estarem imersos e serem passíveis de um capital impaciente e perante a necessidade de uma mobilidade ascendente.

   Segundo os materialistas dialéticos Marx e Engels: onde há desigualdade há resistência. Qual será a resistência da pós-modernidade? Revolução ou adaptação de suas instituições já existentes? Qual Big Bang social nos reformulará? A imprevisibilidade dos novos rumos históricos causa ainda mais ansiedade em seres já aflitos, o que se sabe é que a base da pirâmide correspondente à classe trabalhadora, essa que vem sendo comprimida em seu máximo dada necessidade infindável de produção, e o desgaste da sustentação da pirâmide social resulta, como já sabido, em graves conflitos e problemáticas sociais.


Vitória Garbelline Teloli - 1º ano Direito (noturno) 

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