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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Um pouco de Positivismo, mas não além da Comte



“Ó ciência, minha amante, ó sonho belo!
És fria como a folha dum cutelo...
Nunca o teu lábio conheceu a piedade!

Mas caia embora o velho paraíso,
Caia a fé, caia Deus! Sendo preciso,
Em nome do Direito e da Verdade!
 [...]
A graça, as ilusões, o amor, a unção,
Doiradas catedrais do meu passado,
Tudo caiu desfeito, escalavrado,
Nos tremendos combates da razão.”
 (“Ruínas” de Guerra Junqueiro, in: “A Musa em Férias”)


       Contemporâneo ao apogeu da primeira grande Revolução Industrial, Augusto Comte, o pai da Sociologia e grande enfático do método científico, dá corpo a seu “Curso de Filosofia Positiva”, entre 1830-1845. Nessa obra, o autor defende com veemência o processo epistemológico das ciências exatas, reafirmando Descartes e Bacon, e propõe, basicamente, a existência de um “Estágio positivo” de conhecimento, ordeiro, responsável único pelo progresso.
       Há de se fazer, contudo, ressalvas ao Positivismo de Comte para aplicá-lo de forma correta em nossa atual sociedade, sendo consideradas todas as transformações sofridas desde então.
       É correto afirmarmos que o método cientifico é necessário para o progresso tecnológico. Entretanto, a metafísica e a teologia, como bases para aquele estágio, têm grande importância imaginativa e especulativa no processo criativo de desenvolvimento das ciências humanas.
       Por fim, abusemos da dialética do próprio Positivismo: não o aceitemos como verdade teológica inquestionável, dogmática. Períodos de ordem não estabelecida, períodos revolucionários, de quebra de valores, de diversas naturezas, também trouxeram avanços dos mais determinantes do coletivo humano. E se Comte apenas seguisse a ordem de seu tempo? E se o questionássemos hoje?

Eduardo Matheus Ferreira Lopes, Direitos diurno.
 

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