Toda sociedade abriga seus observadores. Estes a veem, refletem, discutem, sugerem e, não raramente, questionam. Auguste Comte foi um deles. Ao analisar a organização social, sugeriu, em seu livro "Curso de Filosofia Positiva", a manutenção da ordem para obtenção do progresso contínuo.
Nesse panorama, defendia a relevância de todas as profissões ao progresso. Entretanto, numa análise meticulosa, vê-se falhas em seu sistema. O Positivismo não oferece a possibilidade de mudança, uma vez que os filhos seguem uma profissão herdada pelos pais. Deste modo, perdem-se prodígios nascidos em famílias não inclusas no desenvolvimento científico. Esse fato pode alterar significativamente o andar do desejado progresso.
Foi além: restringiu também a sociedade a leis empíricas e calculáveis o que chamou de física social. Segundo ele é a parte da ciência que o Positivismo ainda não alcançou. Objeto de difícil compreensão, pois a sistematização da sociedade, imprevisível, incalculável e constituída por indivíduos arbitrários não obedece a leis exatas. Como explica bem Marcelo Gleiser, a matemática foi criada para aproximar o homem daquilo que vê (os fenômenos) à sua racionalidade. O Positivismo declara o inverso: que a sociedade foi criada a partir de uma matemática e, nesse ponto, Comte escorregou. Porque, para matematizar os homens seria preciso calcular seus limites criativos, o que é impossível.
Grandes avanços se deu por pessoas extraordinários, portanto, ao progresso, a Ordem comtiana não é plenamente suficiente.
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