A filosofia positiva, de Augusto Comte, foi uma nova
proposta científica e política de análise social. Ela não se fundamentava
apenas em uma observação empírica das peripécias da sociedade, mas em uma forte
percepção de que, assim como a física newtoniana, a ciência social também é regida
por leis que garantem toda a ordem e a harmonia do sistema. Com isso, a
filosofia positiva coloca em prática o cartesianismo de Descartes e a
interpretação do mundo pela experiência de Bacon.
Comte acreditava que
somente a ciência social não havia, até então, alcançado o estágio positivo
para o entendimento do mundo. Ela permanecia vinculada aos métodos teológicos e
metafísicos, necessários, mas insuficientes para garantir o amadurecimento do
homem e a construção do conhecimento.
Em qualquer sociedade, há sempre uma lei imutável que
perpetua de geração para geração. Essa regra garante que instituições
permaneçam para manter a ordem, e consequentemente, consolidar o
progresso. Desse modo, tem-se a física
social, que submete toda relação da sociedade ao equilíbrio da estática e da
dinâmica.
Sendo assim, na óptica comtiana, para estabelecer a ordem, é
imprescindível que cada indivíduo seja ciente de sua posição, exercendo o papel
que lhe é cabido. Além disso, os detentores do conhecimento devem assumir o
controle do Estado e impedir convulsões sociais que desnaturam toda a
funcionalidade do aparelho governamental.
Esse pensamento de Comte possui forte vínculo com as
influências da escravidão no Brasil atual. O escravo negro foi, durante
séculos, associado ao trabalho manual, técnico e mecânico, excluído da prática intelectual,
que se destinava, sobretudo, a elite branca. Essa antiga divisão do trabalho
ainda se reflete na sociedade brasileira. Na maioria das vezes, quando um negro
ou um indivíduo de baixa renda encontra-se realizando uma atividade desvinculada
ao trabalho manual é alvo de grande estranheza e preconceito da população.
Seria, segundo Comte, uma ausência da ordem social, um componente que está
deslocado de sua função.
É válido salientar,
por fim, que embora as ideias de Augusto Comte possam pareçam rigorosas e
obsoletas, elas ainda possuem uma forte influência na sociedade, nos discursos
de diversos grupos políticos, na ciência e principalmente, nas peculiaridades
de cada ser social.
Juliana Galina - Direito diurno.
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