No livro “Curso de Filosofia Positiva”, Augusto Comte apresenta a teoria de que o conhecimento passaria por três estágios: o teológico, o metafísico e o positivo, sendo este último seu estado ideal. Para Comte, a busca pela origem metafísica dos fenômenos é um problema inalcançável, que não constitui um solo fértil seja para o conhecimento científico, seja para sua atividade intelectual mais profunda.
A fim de analisar esta assertiva positivista, apresentaremos o conto escrito pelo autor J. R. R. Tolkien, intitulado “O Conto dos Três Irmãos”. Nesta estória, há duas personagens que se entregam ao que seriam os estágios teológico e positivo da vivência, um assumindo a plena contemplação do mundo sobrenatural e o outro valendo-se apenas da força tangível para impor-se. Nos dois casos, as personagens sofrem a consequência de sua imprevidência no agir. Ainda referente a este conto, podemos observar que a personagem melhor sucedida na problemática apresentada é aquela que vive sua realidade ordinariamente, preocupando-se apenas com os fatos habituais, o que equivaleria à proposta positivista. Esta mesma personagem, no entanto, utiliza-se de um artifício para esquivar-se daquilo que não consegue controlar (a morte), como se fosse uma “túnica” metafísica.
Desta maneira, embora o conto seja fictício, é possível utilizá-lo para representar, embora de maneira reduzida e superficial, a principal restrição da teoria de Comte. Sempre que o homem opta por uma visão excessivamente pragmática ou teológica dos fenômenos e os analisa apenas por um dos critérios citados, corre o risco de restringir-se a análises incompletas, e por isso fazer juízos equivocados acerca dos fatos e valores avaliados.
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