Raymond Aron ao explicar Marx assinala que para este o
trabalho não consistia mais em uma expressão livre da essência humana, pois passou a ser um meio de
subsistência. E essa alienação do trabalho teria como resultado a ruptura das
relações ou das comunicações diretas entre os homens porque entre eles se
colocaria um mundo de objetos estranhos- a mercadoria.
Naquela época os homens eram submetidos a trabalhos
exaustivos manuais, tinham que seguir o ritmo da máquina e enfrentar horas de
trabalhos extensas e para compor o orçamento familiar, todos os integrantes
desta tinham que ir à labuta diariamente, pai, mãe, filhos, crianças. Não havia
distinção entre eles. Todos eram úteis.
Trazendo a questão para os dias atuais, o trabalho já não
se configura como antigamente, as máquinas robôs dominaram o trabalho nas indústrias,
alguns estatutos passaram a proteger as crianças e adolescentes da exploração
do trabalho, e os pais tiveram que se encaixar em outras formas de trabalho. No
entanto, apesar dessas mudanças ele não passou a ser a tal sonhada “livre
expressão da essência humana” e nem se tornou menos alienado. Quem pretende
formar uma família tem que, antes de tudo, ter um bom emprego que se traduza em
bom salário, só que muitas vezes esse “bom emprego” não é o que a pessoa
gostaria de exercer, não atende a sua vocação mas supre as necessidades do
mercado. Depois da conquista desse bom cargo é hora de escolher o seu parceiro,
com quem pretende se casar e formar uma família. Aí entra a questão, não se
procura alguém que te complete sentimental e ideologicamente, mas sim alguém
bom o suficiente para poder, junto com você, sustentar essa família, proporcionar
conforto e segurança financeira. O próximo passo é na educação das crianças,
por mais que sejam protegidas por Códigos e Estatutos, desde os primeiros anos
de vida já são introduzidas num mundo em
que precisam pensar no que vão ser quando crescer, brincam com jogos que
desenvolvam sua capacidade intelectual. São matriculadas em escolas que as
treinem para o vestibular, assim podem ingressar em uma boa universidade,
sofrer uma nova lavagem cerebral, pois seus únicos objetivos serão ter boas
notas para alcançar um excelente emprego para que possam ganhar satisfatoriamente,
casar-se com alguém de seu mesmo nível financeiro e formar uma outra família
que atenda aos padrões sociais. E esse ciclo se renova a cada geração. Não há
tempo para se pensar as contradições de uma sociedade, suas desigualdades e
exclusões. E assim as famílias caminham em suas redomas, em seus mundos... Seguem
a linha.
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