O sistema capitalista guarda uma
característica condicional à sua sobrevivência: a alienação. Para garantir o
controle sobre as massas e a manutenção deste sistema que lhe é conveniente, a
burguesia (ou os grupos beneficiados economicamente por esse sistema) usa de métodos
escusos para garantir que seus abusos não sejam questionados. Para tal, a forma
mais eficiente de doutrinar as massas dominadas é lhes tirar qualquer senso
critico por meio de um sistema de ensino voltado à dessensibilização do indivíduo.
Ao fornecer
um ensino estritamente dogmático e mecanicista (que se limita à tornar o
trabalhador pronto para servir à produção), rouba-se do cidadão a capacidade de
refletir e questionar as injustiças às quais é exposto diariamente no sistema e
o torna refratário às demandas sociais que não o afetam diretamente.
Vide o caso
das universidades federais brasileiras: é fácil notar a resistência da
sociedade – e de estudantes das próprias instituições- em apoiar a greve dos docentes motivada
pelo sucateamento do ensino superior brasileiro, enquanto a mídia quando não
nega os fatos taxas os grevistas de folgados.
Ora, é
notório no Brasil um aumento nos investimentos em infraestrutura e segurança publica,
quando não em estádios gasta-se em armamentos para os policiais, mas os
investimentos públicos em no ensino básico, nas universidades e pesquisa apenas
minguam. Ademais, há apenas crescimento no ensino técnico e tecnológico que
visa educar o trabalhador apenas para o trabalho industrial, sem atentar-se
para maiores filosofias.
É flagrante,
assim, uma inversão de valores: neste país, o governo direciona dinheiro para
as industrias armamentista e para aprisionar aqueles que não estão servindo ao
sistema ou subvertendo-o praticando atos criminosos, mas torna escassa as
fontes de verba para a formação dos indivíduos, furta-lhes o direito de pensar
ao disponibilizar a ascensão social por meio da servidão cega ao burguês.
Aqueles que fogem dessa lógica ao buscar o aprofundamento cientifico-filosófico
são taxados como boêmios irredutíveis, dândis e páreas sem lugar na sociedade
cotidiana, cuja produção não passa de balela por sua intangibilidade.
É chegada a
hora de mudar essa lógica, mas por quem? Não há atores dispostos a agir em número
suficiente para fazer a diferença. A maioria foi cegada pelas luzes da
alienação e não consegue ver a burguesia afanando seu futuro em nome do lucro
imediato. Os educadores são reféns de um sistema que os ameaça com obsolência
quando tentam incutir quaisquer pensamentos críticos que possam libertar a
sociedade destes antolhos impostos por aqueles que os montam.
Somos todos, sem exceção, vítimas e algozes
uns dos outros.
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