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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Maquiagem social

   A substituição da manufatura para a maquinofatura, na Revolução Industrial, acarretou grandes modificações em toda a sociedade, novas formas de trabalho e pensamentos surgiram. A ascensão de uma classe, a burguesia, estremeceu os antigos pilares da Europa, em detrimento à exploração da classe operária, que passou a ser, segundo Taylor, um “gorila domesticado". Neste contexto está em cheque o principal e originário meio de organização do ser humano, a família, que adquire um novo papel e que o exerce de modo semelhante até os dias atuais.
   Como o homem tornou-se periférico no processo de produção de bens nas grandes indústrias, não era mais necessário um sujeito pensador e criativo, apenas um ser que execute as ordens. Sendo assim, a força utilizada passou a ser menor para realizar uma tarefa específica, abrindo as portas para as crianças e mulheres entrarem neste mercado, afetando a antiga imagem familiar do período, onde o homem era responsável pelo trabalho e a mulher dos afazeres domésticos e cuidados com os filhos.
   A ausência da figura materna no lar foi um fator determinante para a marginalização dos filhos, que passaram da educação familiar para a das ruas, sendo influenciados pelo local e momento. Casos em que as crianças eram dopadas para as mães poderem trabalhar ou iam junto aos pais para a jornada eram frequentes. O determinismo exercia sua influência, um jovem criado nestas condições nada podia exigir ou esperar melhorias em sua vida, torna-se um ciclo, isso se o adolescente ou criança não entrar no mundo do crime.
   Apesar de esta situação ter seu início no século XVIII, apenas os instrumentos utilizados para este fim mudaram, seu objetivo continua o mesmo. Creches e empregadas domésticas tentam suprir a ausência dos pais no ambiente familiar, o trabalho por mais que tenha adquirido inúmeros direitos, em grande parte exerce apenas uma função mecânica, o indivíduo sofre com novos problemas, como o trânsito e a violência, deixando o trabalhador mais tempo longe de casa. Filhos sendo criados pelos becos e ruas, assemelhando-se ao ambiente familiar da Revolução Industrial, comprovando que a maquiagem passada ao longo dos anos não conseguiu esconder as cicatrizes dos abusos.


João Pedro Leite - Primeiro ano - Direito Noturno

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