A apresentadora de TV Maísa, como
é conhecida, em meados de 2009 foi protagonista de uma ação judicial movida
pelo Ministério Público contra o empresário Sílvio Santos, já que em seu
programa a menor – então com cerca de seis a sete anos de idade – foi exposta a
situações de pânico vexatório que chegaram a comprometer sua integridade
física.
O caso,
de repercussão nacional, chamou a atenção para uma situação que já fora
discutida há décadas: o capitalismo incorporando crianças como força de
trabalho.
Já no
século XIX, Karl Marx fazia referência à adequação de crianças à produção
capitalista. O autor ressaltava que a mão de obra infantil era mais barata já
que dispunha de menor força, mas força suficiente para realizar os serviços
necessários em determinadas produções.
Guardadas
as devidas proporções, o capitalismo contemporâneo, que se veste de um
humanismo lucrativo, continua se utilizando de mão de obra infantil partindo de
um princípio similar ao de que trata Marx séculos atrás: muita vez é a mão de
obra infantil a que melhor se adequa à geração de lucro para o capitalista, de
forma que sua força é preferida ao desperdício da de um homem adulto.
É
evidente que em casos como o supracitado a mão de obra infantil não substitui,
para a renda familiar, a mão de obra do homem e mulher adultos, gerando todo o
processo exploratório discutido por Marx. Todavia, parte da mesma lógica de que
o trabalho realizado pela pequena mão da criança gera mais resultados do que se
se utilizasse uma mão adulta.
O
trabalho infantil desenvolvido por Maísa é apenas um dos casos do emprego desse
tipo de mão de obra na contemporaneidade brasileira. Embora seja este um dos
casos que consideravelmente menos lesa a criança que trabalha – quando
comparado ao trabalho infantil de muitas crianças em condições ilegais de semi
escravidão, por exemplo - sua peculiaridade está na aceitação pública que tinha
– ao menos até o incidente que levou à ação judicial – e ao respaldo jurídico
que possuía, já que a emissora firmava
contrato com os pais da criança.
Todo o país
podia ver Maísa trabalhando e divertia-se com a exploração da imagem de uma
criança com pouco mais de cinco anos de idade. Utilizar Maísa em programas de
TV tornava-se mais adequado quando se tratava da busca desenfreada por
audiência na rede televisiva. E mais uma vez, sob os olhos jocosos da
sociedade, uma criança era feita de brinquedo para gerar lucro a um capitalista
sob o véu dos trâmites legais.
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