Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A família produto

 A mecanização dos meios de produção representou a realização de um sonho para o capitalista, e o passo seguinte para o progresso do homem em direção a sua sublimação como espécie, ainda que essa sublimação não exista, servindo apenas de meta para que vivenciemos seu percurso. Representou também a queda do homem para o ponto mais baixo e miserável em que já se viu.
 Não foi a máquina que reduziu o homem à condição de mercadoria, pois desde que a concepção de lucro se enraizou na mente do ser humano, tudo que o cerca, material ou imaterial, ciência ou religião, produto ou idéia se tornaram bens comerciáveis.
 Mas o ponto a que o homem foi levado, ponto este criado pela vigência de uma cobiça irrefreável, de um capitalismo desprovido de humanidade, encabeçado por verdadeiros comerciantes de escravos, e que ganhou força com o surgimento dos meios mecanizados de produção, beirou a barbárie.
 Se antes o homem comum se via obrigado a trabalhar em condições desumanas, em jornadas de trabalho que mal lhe davam tempo de se preparar para a próxima, tudo a fim de tentar poupar sua família do sofrimento e de penas como as que passava, agora ele via suas expectativas frustradas, se via preso em uma armadilha bolada por um sistema que não tem piedade de suas presas.
 O barateamento de sua força de trabalho, a desvalorização do homem como mercadoria, o torna incapaz de suprir as necessidades mais básicas de sua família. A miséria e a fome levam o homem a vender a força de trabalho de sua família, desistir da qualidade de guardião de sua prole para levá-la ao mesmo labor que enfrenta todos os dias, obrigá-la a trabalhar por sua sobrevivência, numa idade em que nem podem começar a compreender o quão macabro e desumano é o sistema que os obrigou a desistir de sua infância para garantir sua sobrevivência.
 Hoje, embora não se reflita nos grandes centros do globo, para onde todas as atenções estão voltadas, a condição acima citada continua a ocorrer. E embora suas ocorrências não sejam resultado da criação das máquinas, não se pode negar que poderiam ter sido usadas para evitar esse tipo de quadro,não fosse o modo como seus detentores as escolheram  usar, em prol de si próprios e em detrimento da raça humana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário