A ciência e o capitalismo têm uma longa relação histórico-econômica. Os laços entre esses entes da modernidade começaram no século XVI, quando o desenvolvimento científico trouxe a base para as Grandes Navegações; como o aperfeiçoamento da bússola para fins de navegação e o surgimento das caravelas pelos portugueses. Esse avanço tecnológico permitiu a disseminação da semente do capitalismo, que tomaria a forma de comercial, pois era o comercio inter marítimo sua principal forma de lucro.
A relação continua, e firma-se de maneira mais acentuada na segunda fase do capitalismo, o capitalismo industrial, sendo a industria a nova forma de se obter lucro mais acentuado. É nesse contexto de grande desenvolvimento científico que Marx escreve sobre a máquina no capítulo XIII da obra O Capital.
É preciso compreender que a tecnologia foi "patrocinada" pela burguesia. A fórmula era clara e um tanto quanto simples de ser entendida:
Ganho de capital através da indústria -> Investimento em tecnologia -> Novas formas de produção -> Melhores meios de produção -> Economia de tempo e dinheiro -> Potencializa-se o ganho de capital através da indústria.
O ciclo é extremamente forte e fechado. A concorrência torna-se mais um fator agravante e a consequência é o capitalismo "selvagem". Nesse estágio, a sede de lucro torna-se tão intensa que homens, mulheres e crianças tornam-se "empregados" em potencial da industrialização . É nesse momento que Marx analisa a máquina sem a neutralidade mecânica da história, mas do ponto de vista socioeconômico. A máquina na industria toma o lugar do homem no processo produtivo, primeiro sob o aspecto de máquina-ferramenta (trabalho técnico do homem), depois no âmbito da força motriz (desenvolvimento do motor á vapor). Isso faz com que o homem seja superado na escala de produção, tornando-se um elemento periférico do processo como um todo.
A ciência então continua a desenvolver métodos cada vez mais eficazes, e ao contrário do que muitos pensam Marx enxerga as devidas qualidades desse avanço. Aqui cabe dizer o quanto a burguesia investiu na tecnologia, dando as coordenadas gerais do desenvolvimento e pautando-as sempre no fundo econômico.
Até o hoje, no seio do processo científico encontra-se o motor capitalista, que visa fins lucrativos. É só observar como a tecnologia nos sistemas de informática voltados aos bancos e sistemas financeiros é extremamente desenvolvida, como os "internet banking", sistemas de pagamentos e geração de senhas.
Mesmo nos maiores centros de geração de conhecimento atuais, as universidades modernas, nós temos esse exemplo extremamente ativo. Basta observar o orçamento dos centros de tecnologia e ciência, como os de química e engenharia e compara-los com os dos centros de humanas, como direito e história. O lucro que os primeiros geram são muito maiores e imediatos quando comparados ao segundo.
Essa talvez seja a grande hipocrisia do laço entre ciência e capitalismo. O desenvolvimento do conhecimento voltado sempre pra tecnologia e para o avanço. A visão do futuro melhor voltada apenas para o que a ciência pode trazer. Fica evidente a crítica, que as ciências humanas também existem, e seu lucro social e cultural, em todos os setores é com certeza muito maior que aquele que apenas a tecnologia pode trazer.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
Total de visualizações de página (desde out/2009)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário