Em uma rápida observação de
nosso cotidiano, facilmente percebemos o quanto a tecnologia se faz presente em
nossas vidas. Estaria eu sendo hipócrita em falar algo contra o seu uso,
afinal, estou sentada diante de um computador para escrever essas palavras e,
mais cedo, utilizei-me dessa mesma máquina como um meio de comunicação com
pessoas que estão distantes. E Marx nem precisou ser nosso contemporâneo para que
seus pensamentos sobre a relação homem-máquina pudessem ser aplicados até hoje.
Karl Marx, em sua obra “O
Capital”, externava sua grande preocupação: o fato de que, na teoria, a máquina
libertaria o homem da maçante produção; porém, na prática, não era isso que
acontecia. O trabalhador não passava, por contar agora com uma máquina que
agilizaria seu trabalho, com maior tempo livre para lazer, participação na família,
ou educação. E nem teria maior acesso à alimentação de qualidade, com a
mecanização do campo. O tempo ganho com a mecanização beneficiou apenas o
mercado, que podia agora produzir mais em menos tempo, eternizando a máxima “tempo
é dinheiro”.
Assim, vemos que a “libertação”
da produção aconteceu não no sentido pró-trabalhador, e sim no sentido de que
ele se tornou menos necessário para a fabricação do produto. Este e, portanto,
o capitalismo, não precisava mais de um trabalhador. Só de um operário.
Portanto, o uso da máquina provocou certo esvaziamento do saber humano em seu
conteúdo propriamente dito. De que tanto conhecimento o homem precisava para
executar uma máquina? Unicamente seu modo de operação. O conhecimento e até a
força não eram mais necessários, pois existiam a máquina e seu operador. Mais
simples. Mais rápido. Proporcionalmente mais barato. Mais lucrativo.
Adicionando a evolução
tecnológica a essa relação homem-máquina, chegamos à Teoria da Singularidade –
em referência a mesma teoria na Física - , que permeia o universo das ficções
científicas, como os filmes “Eu, Robô”,
“Exterminador do Futuro” e “Matrix”. Tal Teoria, defendida por
muitos experts, enxergam um momento na História – próximo, por sinal – em que
essa libertação da máquina chegará ao extremo: o homem acabará por criar uma máquina
com inteligência semelhante ou superior à dele e que poderá se autoprogramar.
Se considerarmos tal hipótese como possível, poderemos chegar a uma nova era do
Capitalismo, totalmente independente do homem, e este, de alguma forma, teria
que se readaptar a um novo tipo de trabalho, para que possa receber seu salário
e mantenha o ciclo de compra e venda do capitalismo em funcionamento.
Enfim, a máquina mudou - e muda
até hoje com sua evolução - não só a produção, como também o mundo. Nós,
estudantes de Direito, deveríamos ter como papel, em nossa área, fugir da “mecanização”
que estão sofrendo todas as profissões, e nos tornarmos verdadeiros pensadores críticos
do Direito, e não apenas operadores, afinal, o senso crítico ainda é um dos
principais diferenciais do homem em relação à máquina – e essa observação final
não deveria ser um pouco mais óbvia nas atitudes reais da sociedade como um
todo?! Aliás, estariam os enredos trágicos das ficções científicas
metaforizando uma crise próxima em nossa realidade provocada pelo extremismo da
mecanização e o “não saber o que fazer” de nossa parte, tanto pela rapidez
dessa mecanização quanto pela acomodação da sociedade no status “não pensar”?!
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