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segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Busca por um Realmente Admirável Mundo Novo

A Busca por um Realmente Admirável Mundo Novo
"Hoje à noite, 500 milhões de crianças vão dormir na rua. Nenhuma delas é cubana". Esta frase, estampada num outdoor na saída do aeroporto de Havana ilustra bem as contradições do mundo moderno. Por um lado, vemos as maravilhas da tecnologia, que permitem que estejamos em qualquer lugar do mundo, no máximo, em dois dias enquanto ainda existem crianças passando por problemas sociais. 
Muitas pessoas dizem que Cuba é um país que ficou parado no tempo, e que não está pronto para os desafios da modernidade, num mundo em constante transformação sob a égide capitalista. Contudo, é necessária a análise do conceito de modernidade e comparar os prós e os contras de ser um país dito "moderno".
Modernidade pode ter várias acepções. Por exemplo, se compararmos as taxas de analfabetismo dos cubanos com a de outros países no passado, nota-se que estas serão consideradas modernas, por serem baixas. O nível de desigualdade social também será moderno, pois no ideário ocidental, conforme um país avança, as condições sociais melhoram. Então, por que ainda a Ilha é considerada atrasada? Talvez pelo fato de que as inovações constantes e inerentes ao mercado de consumo não estejam presentes da mesma forma que ocorre nos Estados Unidos, o símbolo máximo da cultura de consumo.
Nos países ocidentais de economia capitalista há o lançamento de produtos todos os dias, muitos incorporando o que há de mais moderno em termos de materiais e tecnologia. Entretanto, muitas vezes, esses mesmos países convivem com contrastes sociais que não permitem a todos o acesso à essas maravilhas, criando somente uma vontade de consumo, um sonho. Nem mesmo os serviços básicos escapam disso, veja-se o sistema de saúde estadunidense.
Marx, em seu "O Capital", conseguiu prever muitos desses fenômenos. A esta vontade de comprar e a necessidade do novo, chamou de fetiche da mercadoria. O que ocorre, na verdade, é que o produto, cria a própria demanda e não o contrário, pelo fato das pessoas já terem se condicionado a consumir. Por tanto, com a ideologia e pelo fato de que os produtos muitas vezes são maravilhosos (realmente), as pessoas permitem que haja uma sociedade cheia de contradições para que continuem desfrutando dessa renovação constante.
"Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens." - Karl Marx
A estrela solitária (principalmente após o embargo estadunidense), optou por valorizar o mundos dos homens, ainda que com muitos problemas. E tem em termos de tecnologia, não somente no quesito social, modernidade, principalmente na medicina.
Marx não negava os benefícios que a tecnologia e a modernidade traziam, não era um Luddista, mas foi o primeiro a notar os malefícios que estas causavam numa economia capitalista. Questionou o fato da maioria não pode desfrutar dessa "modernidade".
É com base nesse conteúdo crítico que devemos analisar os prós e os contras desse tipo de desenvolvimento, para que possamos modificá-lo de forma a encontrar um equilíbrio entre inovação, sustentabilidade e justiça social. A república caribenha o está tentando, surge com antítese e busca uma síntese atualmente. Não seria isso modernidade? Que os outros países criem suas respostas com base nos anseios de seus povos, e não fiquem somente afirmando uma tese, numa alienação sem questionamento!

Raul da Silva Carmo. Aluno do 1º Ano do Curso de Direito Noturno da UNESP Turma 2012-2016.

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