Frente ao surgimento da máquina durante a Revolução Industrial tem-se a desvalorização da força de trabalho do homem. As máquinas, apesar de aumentarem as capacidades orgânicas dos seres humanos, atuam, em contrapartida, negativamente ao esvazia-los do saber tornando-os meros operadores de máquinas. A partir de uma produção repetitiva, resumida à movimentos maquinários, o conhecimento dos trabalhadores e sua técnicas tornam-se dispensáveis, assim como sua força física. É nesse contexto que inicia-se a utilização da mão de obra infantil na produção industrial.
As crianças eram capazes de operar as máquinas, logo a presença da mão de obra adulta torna-se desnecessária, uma vez que, além de mais cara, era uma força de trabalho ociosa. As crianças passam a trabalhar para sustentar toda a família, no entanto recebiam bem menos do que seus pais e dessa forma, todos os membros de uma família eram obrigados a trabalharem para garantir sua sobrevivência.
Na atual sociedade brasileira nota-se semelhante situação. Certas famílias necessitam que as crianças saiam de casa para trabalhar e contribuir financeiramente. Essas crianças perdem o vínculo com os estudos, alegando muitas vezes falta de tempo, contribuindo para sua marginalização e abrindo portas para a violência. No entando, algumas famílias de baixa renda acreditam que com os filhos trabalhando há menor risco de se marginalizarem, pois ocupam-se do trabalho. Mas se a escola também possuiria o papel de afastar os jovens da marginalização, o principal motivo para o trabalho precoce é, sem dúvidas, a necessidade financeira. Pode-se ainda analisar que essa mão de obra desqualificada não possui perspectiva de evolução econônomica, o que acaba contribuindo para que as próximas gerações dessas famílias tenham um futuro semelhante, resultando num problema sucessivo na sociedade.
Não só exemplos de trabalho infantil como forma de exploração das crianças é que se pode relatar. Contemporâneamente é comum deparar-se com a imagem de crianças vinculadas a diversas formas de trabalho, como por exemplo aos artísticos. Apesar de não serem trabalhos que as explorem fisicamente, também trazem maleficios ao seu desenvolvimento pois exigem uma responsabilidade e maturidade precoce. Entretanto, a sociedade os encara com maior aceitação, apesar de ambos possuírem seu principal objetivo relacionado à remuneração. Sendo assim, apesar de ilegal segundo a própria Constituição Federal, o trabalho infantil está intensamente presente em nossa sociedade de diversas formas e em alguma delas, revestido de um certo prestígio.
Giovanna Cardassi S. Yarid
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