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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Limite entre justiça e liberdade: O Prometeu contemporâneo




Por acaso pedi a Ti, ó Criador, que do barro
Me moldasses Homem, por acaso solicitei a Ti
Que da escuridão me resgatasses?
(Paraíso Perdido - John Milton)

...

Em análise ao Positivismo, corrente filosófica inaugurada na França do século XIX por Augusto Comte, pode se afirmar que há um interesse de poucos em sistematizar os muitos marginalizados para fins de contenção de qualquer “desvio” humano daquilo que propuseram como progresso; portanto a necessidade da ordem, imposta a força se necessário. 

Precisamos aqui nos debruçar sobre algumas questões essenciais, dentre elas que: a concepção daquele que é ou não humano sofre suas variações para a lógica do dominador, dominador este, que terá o controle da história que será contada. Portanto, para crítica ao positivismo, há de se adotar a luta de opostos como uma constante no percurso filosófico, o que significa dizer que não importa a ótica adotada, sempre existirá uma oposição entre dois pólos principais, que utilizam do que podem para a própria sobrevivência; deste modo, assim como o positivismo serviu, e continua servindo, às classes dominantes para sua manutenção, Prometeu deu à humanidade “o fogo”:  a revolta que pode levar à liberdade.

Para tal liberdade a humanidade, que aqui trago representando os que sofrem as imposições, perpassa por limites entre a liberdade absoluta e justiça absoluta: inevitavelmente sob a lógica positivista, a justiça como foi estabelecida entra em oposição ao caminho necessário para a liberdade da maioria subjugada, ou seja, o único caminho para a liberdade humana é que se revolte contra as classes dominantes, que convenientemente atribuem como justo tudo o que não foge da própria concepção de ordem - uma sociedade estática em cultura e construção histórica própria, uma sociedade piramidal onde a base não pode se movimentar independente do motivo. 

Portanto, Prometeu que figurativamente é um ser exterior aos conflitos meramente humanos, ao nos dar liberdade de conhecimento, tornou-nos um pouco deuses. Seja para impor-nos uns aos outros ou tomar o poder para reverter as estruturas, talvez estejamos regenerando eternamente o fígado comido e nós mesmos comendo o próprio fígado.

Stephani E. C. Luz

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