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segunda-feira, 19 de julho de 2021

 Sem pão, sem brioches .


O positivismo foi uma corrente filosófica que nasceu na França, no século XIX, derivada do pensamento iluminista .Pode-se dizer que o seu fundador foi o filósofo e também criador da sociologia, Auguste Comte(1798-1857), ele apostava no progresso moral e científico da sociedade por meio da ordem social, porém esse pensamento contextualizado durante a Revolução industrial, é extremamente controverso, tendo em vista que o positivismo tem um viés totalmente conservador, mas eu lhe pergunto ,conservar o que? A desigualdade social, a falta de percepção crítica (essa sendo muito importante para a manutenção de governos totalitários), o status quo da burguesia e a imobilidade social.

É importante destacar, inicialmente, que o positivismo, foi pensando de uma maneira totalmente distante da realidade brasileira, haja vista que nosso país foi invadido pela coroa portuguesa e, com isso, os povos originários foram dizimados, os africanos foram arrancados do seu país de origem para serem escravizados na “Terra Brasilis”. Logo, o Brasil apresenta vários problemas sociais, oriundos da fatídica e contestável “colonização”, por isso, não basta essa visão de ordem e progresso, é preciso revolucionar para mudar. Na realidade, essa percepção positivista é perigosa, uma vez que essa ideologia está absolutamente disfarçada. Metaforicamente posso dizer que o positivismo é “o lobo na pele de cordeiro”, isto é, ele se manifesta, sobretudo com uma propaganda apaziguadora, desse modo, segundo essa ideologia só é possível ter progresso se existir a ordem, mas de modo subjetivo para manter essa ordem  é preciso que o corpo social  mantenha-se em disciplina sem contestar, para assim, não criar fissuras que podem ameaçar o progresso. Basicamente é: oprimidos mantenham a ordem para que se mantenha o progresso desta classe dominante infame.

Ademais, é possível pensar o positivismo no contexto da Revolução Francesa, que ocorreu no século XVIII, a população estava passando por diversas privações, como por exemplo, à fome, e a rainha Maria Antonieta soltou o famoso bordão “Não tem pão, coma brioches “, com isso, o povo ficou irado, tomou a bastilha, invadiram o palácio de Versalhes e decapitaram os monarcas. Nesse cenário, ascende ao poder a burguesia e com ela o lema Liberté, Egalité, Fraternité - liberdade e igualdade para explorar os trabalhadores e fraternidade para mascarar uma possível luta de classes, afinal somos todos irmãos, sim claro, em situações opostas e distintas, porém irmãos. Nessa conjuntura, surgiu o positivismo, tudo que a classe dominante precisava, uma vez que o positivismo consegue manter as massas em ordem sem precisar transparecer sua face perversa, assim sendo, não causas grandes revoltas. Desse modo, é possível inferir que a maneira que o positivismo penetra e se consolida é através da manipulação do pensamento dos civis. Assim, os proletariados continuam sem pão, sem brioche, sem - teto, sem-terra, sem dignidade e o principal sem contestar, porque o que de fato importa é a ordem e o progresso custe o que custar.

Por fim, é necessário que o positivismo seja desmistificado e seus males divulgado amplamente, é preciso que esses conceitos pule os muros das universidades, é necessário que a população saiba o que está acontecendo de fato, porque somente através da mobilização popular que a revolução será possível, visto que as instituições são frágeis perante o capital. Ou seja, a sociedade precisa assumir a autonomia do pensamento, não basta, portanto, somente beneficiar a população com políticas sociais. A população precisa pensar de maneira crítica, para assim, parar de consumir os conteúdos que reforçam os padrões burgueses. Nesse sentido, é plausível referir que a burguesia alinhada com a mídia até fazem críticas a gestão do acéfalo que nos governa, mas de forma alguma fazem crítica à política neoliberal do Guedes. Por isso, a população precisa estar a posto, pois segundo Pachukanis, basta uma pequena crise no capitalismo para que a classe dominante coloque no governo o primeiro chefe de milícias que aparecer. Em suma, reforço que o real objetivo do positivismo é manter as massas no cabresto da ignorância e em resposta a esse sistema vil, trago o refrão da música Mandume, escrita pelo rapper Emicida, “Eles querem que alguém  Que vem de onde nós vem, Seja mais humilde, baixe a cabeça, Nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda, Eu quero é que eles se fod@.


Pollyanna Nogueira - Direito - turma XXXVIII

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