Sem pão, sem brioches .
O positivismo foi uma corrente filosófica que
nasceu na França, no século XIX, derivada do pensamento iluminista .Pode-se
dizer que o seu fundador foi o filósofo e também criador da sociologia, Auguste
Comte(1798-1857), ele apostava no progresso moral e científico da sociedade por
meio da ordem social, porém esse pensamento contextualizado durante a Revolução
industrial, é extremamente controverso, tendo em vista que o positivismo tem um
viés totalmente conservador, mas eu lhe pergunto ,conservar o que? A desigualdade
social, a falta de percepção crítica (essa sendo muito importante para a
manutenção de governos totalitários), o status quo da burguesia e a imobilidade
social.
É importante destacar, inicialmente, que o
positivismo, foi pensando de uma maneira totalmente distante da realidade brasileira,
haja vista que nosso país foi invadido pela coroa portuguesa e, com isso, os
povos originários foram dizimados, os africanos foram arrancados do seu país de
origem para serem escravizados na “Terra Brasilis”. Logo, o Brasil apresenta vários
problemas sociais, oriundos da fatídica e contestável “colonização”, por isso,
não basta essa visão de ordem e progresso, é preciso revolucionar para mudar.
Na realidade, essa percepção positivista é perigosa, uma vez que essa ideologia
está absolutamente disfarçada. Metaforicamente posso dizer que o positivismo é “o
lobo na pele de cordeiro”, isto é, ele se manifesta, sobretudo com uma propaganda
apaziguadora, desse modo, segundo essa ideologia só é possível ter progresso se
existir a ordem, mas de modo subjetivo para manter essa ordem é
preciso que o corpo social mantenha-se em disciplina sem contestar, para assim,
não criar fissuras que podem ameaçar o progresso. Basicamente é: oprimidos mantenham
a ordem para que se mantenha o progresso desta classe dominante infame.
Ademais, é possível pensar o positivismo no contexto
da Revolução Francesa, que ocorreu no século XVIII, a população estava passando por diversas privações, como por exemplo, à fome, e a rainha Maria Antonieta
soltou o famoso bordão “Não tem pão, coma brioches “, com isso, o povo ficou irado,
tomou a bastilha, invadiram o palácio de Versalhes e decapitaram os monarcas.
Nesse cenário, ascende ao poder a burguesia e com ela o lema Liberté, Egalité,
Fraternité - liberdade e igualdade para explorar os trabalhadores e fraternidade
para mascarar uma possível luta de classes, afinal somos todos irmãos, sim
claro, em situações opostas e distintas, porém irmãos. Nessa conjuntura, surgiu o positivismo, tudo que a classe dominante precisava, uma vez que o positivismo
consegue manter as massas em ordem sem precisar transparecer sua face perversa,
assim sendo, não causas grandes revoltas. Desse modo, é possível inferir que a maneira que o positivismo penetra e se consolida é através da manipulação do
pensamento dos civis. Assim, os proletariados continuam sem pão, sem brioche,
sem - teto, sem-terra, sem dignidade e o principal sem contestar, porque o que de fato importa é a ordem e o progresso custe o que custar.
Por fim, é necessário que o positivismo seja
desmistificado e seus males divulgado amplamente, é preciso que esses conceitos
pule os muros das universidades, é necessário que a população saiba o que está
acontecendo de fato, porque somente através da mobilização popular que a
revolução será possível, visto que as instituições são frágeis perante o
capital. Ou seja, a sociedade precisa assumir a autonomia do pensamento, não
basta, portanto, somente beneficiar a população com políticas sociais. A população
precisa pensar de maneira crítica, para assim, parar de consumir os conteúdos
que reforçam os padrões burgueses. Nesse sentido, é plausível referir que a burguesia alinhada com a mídia até fazem críticas a gestão do acéfalo que nos
governa, mas de forma alguma fazem crítica à política neoliberal do Guedes. Por
isso, a população precisa estar a posto, pois segundo Pachukanis, basta uma pequena
crise no capitalismo para que a classe dominante coloque no governo o primeiro
chefe de milícias que aparecer. Em suma, reforço que o real objetivo do
positivismo é manter as massas no cabresto da ignorância e em resposta a esse
sistema vil, trago o refrão da música Mandume, escrita pelo rapper Emicida, “Eles
querem que alguém Que vem de onde nós vem, Seja mais humilde, baixe a cabeça, Nunca
revide, finja que esqueceu a coisa toda, Eu quero é que eles se fod@.
Pollyanna Nogueira - Direito - turma XXXVIII
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