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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Eu não sabiá

Pensei ser um ser exclusivo, autêntico

O qual nada me faria influenciar

Em uma observação despretensiosa

Me vi a contemplar um sabiá

 

Nasceu cantarolando, feliz no laranjeiro

Entre voos e quedas, ficou ligeiro

Se fez alegre e tranquilo

Sem saber o que a vida iria lhe reservar

 

Em um cenário de destruição, perdeu seu ninho

A emersão das cidades lhe tornou sozinho

Mas o mal oculto em meio ao novo

Jamais lhe impediu de cantar

 

À procura de um novo lar, se viu perdido

Poucas árvores restaram, menos ainda amigos

Sem lar e desprotegido

Já não sabia o que pensar

 

Buscando por alimentos, se viu despreparado

Na cidade, todo pássaro era especializado

Nada se conquistava de forma fácil

O jeito era trabalhar

 

Já sem saber o que fazer, arrumou um emprego

Passava o dia distribuindo sementes sem sossego

O salário era pouco e o trabalho cansativo

Mas entre milhares iguais, não podia reclamar

 

Não conseguiu uma árvore, mas um arbusto lhe serviu

Já não cantava mais, o tempo lhe sucumbiu

As poucas horas que à ele restavam

Reservava para descansar

 

Em um mundo onde se destaca o diferencial

Todo o resto recebe o mesmo final

Ainda que ninguém perceba

São todos frutos de um mesmo pensar

 

E eu, que me pensava tão diferente

Entre idas e vindas me vi incoerente

E, perdido em meu voo

Me encontrei sabiá.

 

Aluno: Lucca Benedetti de Morais

RA: 201225158

Turma: Direito Noturno

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