Karl Marx e Friedrich Engels,
submersos nos estudos das contradições sociais causadas pelo industrialismo europeu
do século XIX, compreenderam desde cedo que as crises econômicas, mesmo que
catalisadas por fatores externos, são expressões de profundas incoerências de uma
organização social baseada na economia de mercado. Eles entenderam que os desequilíbrios
sociais eram consequências da lógica capitalista de acumulação sem fim de valor, que tem
como principais proposições a necessidade de exploração do trabalho e a intensa
dinâmica de circulação global do capital.
Principalmente no início da atual
crise sanitária mundial, causada pela COVID-19, em várias partes do mundo, a
produção de bens variados estagnou e a circulação de mercadorias acabou por se restringir,
afetando a dinâmica do grande sistema de circulação de riqueza capitalista, o que resultou numa crise econômica global. Porém, pode-se afirmar que o coronavírus
foi o gatilho, partindo de uma análise marxista da realidade contemporânea, que
trouxe à tona de modo mais vívido os problemas estruturais causados pela lógica
capitalista atual. Com isso, não se pode esquecer que, em um passado recente, o
mundo já vinha sendo palco de diversas atribulações causadas, por exemplo, por
dívidas estatais crescentes, pela dependência das empresas para com os mercados
financeiros, também pelo inchaço da “macroestrutura financeira”, as inflações
desenfreadas, o endividamento dos consumidores, e mais recentemente pelos conflitos
econômicos dos dois maiores protagonistas mundiais: Estados Unidos e China. O que
evidentemente se intensificou de maneira negativa no atual panorama.
Portanto, depreende-se que enquanto
perdurar tal lógica de organização social burguesa, as problemáticas – sejam
elas econômicas, sociais ou culturais – continuarão a ser realidade, e vez ou
outra serão fomentadas e impulsionadas por adversidades, sejam elas previsíveis
ou não, como é o caso da recente disseminação da COVID-19.
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