Richard Sennett, autor contemporâneo como fortes influencias marxistas trouxe em sua obra uma visão do materialismo histórico dialético. Esse detalhando a mudança na forma de produção devido a evolução tecnológica e a necessidade de otimização do tempo de trabalho e de suas relações na sociedade moderna. Essa mudança no padrão de funcionamento laboral que tem como conseqüência a mudança de pessoas por maquinas, ou seja, passa a ser mais necessária uma mão de obra rápida e automatizada em detrimento do trabalhador, que se vê forçado a exercer uma função muito mais desgastante para que possa ficar nessa competição com a tecnologia
Nesse âmbito laboral, as rotinas alem de exaustivas ficam
carregadas de incertezas, devido à instabilidade e dificuldade de se firmar no
mercado, visto que a falta da produtividade pode ocasionar a perda de seu
sustento. Essa instabilidade não está apenas nos setores industriais ou em
grandes escritórios, mas sim em novos trabalhos que surgiram com o advento da
modernidade, como é o caso de entregadores e motoristas de aplicativos, que são
pertencentes a uma das classes que mais sofrem com essa flexibilização do
trabalho, devido a variação de salários, falta de seguros e de relação de
trabalho com os seus empregadores.
Nesse contexto há quem defenda que essa modificação pode
trazer uma maior qualidade nas funções do trabalhados para com o cliente,
entretanto esse fato não passa de uma ilusão na qual são quebradas as formas
tradicionais de trabalho, visando apenas o lucro de grandes empresários. Essa
alteração muda a estrutura que separa de forma saudável a vida do trabalhador
que por sua vez deixa de dividir sua vida entre trabalho, família e lazer,
passando apenas a exercer a função de empregado, independente do dia, hora e
lugar, colocando em risco sua qualidade de vida em função do seu emprego.
Por final exercício não
atenua a forma cíclica da crise capitalista que sempre ocorre, como citado por
Marx, mas se acentua devido a tamanhas incertezas. Assim passa a atuar
fortemente, afetando a dinâmica psicológica desses indivíduos, ficando
totalmente imersos na sua função laboral, abdicando dos seus próprios direitos
para não acabarem mais as margens da sociedade, ainda assim correndo riscos de
não trazerem o sustento para as suas famílias, mesmo trabalhando sete dias por
semana.
João Henrique Parreira – Direito Matutino
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