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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Uma Analise Materialista da Contemporaneidade

 

A flexibilização do capitalismo é a realidade do atual contexto socioeconômico mundial. Isso ocorre de forma que os mecanismos conquistados, historicamente, para proteger o trabalhador da exploração estão sendo cada vez mais desintegrados. Por exemplo, a tendência à terceirização da mão de obra, o desmembramento da legislação trabalhista, a reforma na previdência, entre outros, são fatores que capacitam cada vez mais a concentração de renda pela elite econômica, em detrimento da desvalorização e precarização da classe trabalhadora.

Visto isso, faz-se necessária a utilização da concepção marxista do “materialismo histórico” para que possamos obter uma compreensão clara acerca da realidade em que estamos inseridos e seu contexto de flexibilização das relações de trabalho. Karl Marx, por meio da obra “O Capital”, discorre sobre a ideia de que só é possível compreender as relações sociais da atualidade se e, somente se, fizermos uma análise crítica do sistema socioeconômico vigente, de como ele se estabeleceu, quais os conflitos sociais que gera e como se dão as transformações ocorridas na sociedade a partir dele.

Para isso, Marx faz uma analise do capitalismo industrial inglês no século XIX e, a partir dela, afirma que a história do homem se faz de acordo com a luta de classes e as mudanças sociais que ela gera. Deste modo, analisa que o sistema de acumulação e exploração da classe trabalhadora pelos capitalistas se sustenta pela alienação dessa mesma classe. Isso significa, que enquanto os trabalhadores não estiverem sóbrios para sua posição prejudicada no sistema e não se unirem em prol da luta social por condições mais justas e iguais nas relações trabalhistas que estão inseridos, não haverá mudanças estruturais e continuarão a serem explorados e oprimidos.

Terminada essa abordagem, cito, agora, o livro “A Corrosão do Caráter”, de Richard Sannett; obra contemporânea que foi publicada no ano de 1998. Nessa obra, Sannett traz a visão de Rico, um proletário alienado pela mentalidade capitalista, acostumado e adaptado ao descaso estatal e à falta de direitos. Percebemos, ainda, a existência forte de uma lógica individualista e “meritocrática” para obtenção do sucesso e, somada a essa, a perda dos valores fraternais. Isso só reafirma a visão marxista a respeito da efetividade da mudança estar atrelada à sobriedade da classe trabalhadora para sua realidade opressiva.

Dessa forma, é notável a importância do ideário marxista para desfazer a alienação dos proletários e mobiliza-los em prol da luta pela justiça, pela igualdade nas relações sociais e de trabalho. É importante, ademais, a percepção dessas condições para os demais setores da sociedade capitalista contemporânea, pois, apenas dessa maneira, será possível desestabilizar a visão meritocrática (irreal) de ascensão social pelo trabalho, quando não há qualquer tipo de alicerce para isso. Destarte, para finalizar, afirmo que esses alicerces estão, exatamente, no movimento contrário ao atual, de flexibilização geral; ou seja, na existência de uma legislação trabalhista que garanta condições mínimas (de uma vida digna) ao trabalhador, na deslegalização da terceirização e na formulação de uma previdência justa.


Thales Goulart                                                       Direito - 1Ano - Diurno

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