A flexibilização do capitalismo
é a realidade do atual contexto socioeconômico mundial. Isso ocorre de forma
que os mecanismos conquistados, historicamente, para proteger o trabalhador da exploração
estão sendo cada vez mais desintegrados. Por exemplo, a tendência à terceirização
da mão de obra, o desmembramento da legislação trabalhista, a reforma na previdência,
entre outros, são fatores que capacitam cada vez mais a concentração de renda
pela elite econômica, em detrimento da desvalorização e precarização da classe
trabalhadora.
Visto isso, faz-se necessária a
utilização da concepção marxista do “materialismo histórico” para que possamos
obter uma compreensão clara acerca da realidade em que estamos inseridos e seu
contexto de flexibilização das relações de trabalho. Karl Marx, por meio da
obra “O Capital”, discorre sobre a ideia de que só é possível compreender as relações
sociais da atualidade se e, somente se, fizermos uma análise crítica do sistema
socioeconômico vigente, de como ele se estabeleceu, quais os conflitos sociais
que gera e como se dão as transformações ocorridas na sociedade a partir dele.
Para isso, Marx faz uma
analise do capitalismo industrial inglês no século XIX e, a partir dela, afirma
que a história do homem se faz de acordo com a luta de classes e as mudanças sociais
que ela gera. Deste modo, analisa que o sistema de acumulação e exploração da
classe trabalhadora pelos capitalistas se sustenta pela alienação dessa mesma
classe. Isso significa, que enquanto os trabalhadores não estiverem sóbrios
para sua posição prejudicada no sistema e não se unirem em prol da luta social
por condições mais justas e iguais nas relações trabalhistas que estão inseridos,
não haverá mudanças estruturais e continuarão a serem explorados e oprimidos.
Terminada essa abordagem, cito,
agora, o livro “A Corrosão do Caráter”, de Richard Sannett; obra contemporânea
que foi publicada no ano de 1998. Nessa obra, Sannett traz a visão de Rico, um proletário
alienado pela mentalidade capitalista, acostumado e adaptado ao descaso estatal
e à falta de direitos. Percebemos, ainda, a existência forte de uma lógica
individualista e “meritocrática” para obtenção do sucesso e, somada a essa, a perda
dos valores fraternais. Isso só reafirma a visão marxista a respeito da
efetividade da mudança estar atrelada à sobriedade da classe trabalhadora para
sua realidade opressiva.
Dessa forma, é notável a importância
do ideário marxista para desfazer a alienação dos proletários e mobiliza-los
em prol da luta pela justiça, pela igualdade nas relações sociais e de
trabalho. É importante, ademais, a percepção dessas condições para os demais
setores da sociedade capitalista contemporânea, pois, apenas dessa maneira, será
possível desestabilizar a visão meritocrática (irreal) de ascensão social pelo
trabalho, quando não há qualquer tipo de alicerce para isso. Destarte, para
finalizar, afirmo que esses alicerces estão, exatamente, no movimento contrário
ao atual, de flexibilização geral; ou seja, na existência de uma legislação trabalhista
que garanta condições mínimas (de uma vida digna) ao trabalhador, na
deslegalização da terceirização e na formulação de uma previdência justa.
Thales Goulart Direito - 1Ano - Diurno
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