O contexto da primeira
revolução industrial por volta de 1760 marcou-se pela transição de um sistema feudal
para o sistema capitalista. Isso evidenciou a mudança do modo de produção artesanal,
o qual o artesão sabia todas as etapas do processo e as realizava por si só,
para o modo de produção industrial fordista, em que o trabalhador faz apenas
parte do processo, estando completamente alheio ao produto final, e por
consequência, do valor agregado ao bem a partir de seu trabalho.
Diante dessa exploração imperceptível
aos olhos dos operários advinda das mudanças a partir da revolução industrial, somados
ao pensamento de socialistas utópicos, idealistas alemães e materialistas, os
pensadores Karl Marx e Friedrich Engels buscaram analisar criticamente cada uma
dessas ideias, exaltando seus avanços, porém expondo seus equívocos e limites.
Com isso, entenderam a importância de primeiro estudarem essa sociedade
capitalista e seus problemas sociais intrínsecos, e o fizeram na principal obra
de Marx, O Capital, para posteriormente buscarem a solução através de uma
superação do modo de produção capitalista, armando a classe trabalhadora com o
conhecimento para efetivar a revolução, que seria o Socialismo Científico.
Hodiernamente, o método de
rigidez do estoque e verticalização da produção fordista foi substituído pelo
modelo de acumulação flexível, iniciado pelo Toyotismo, o que intensificou o
processo de globalização, visto que criou um arquipélago de atividades
relacionadas que se interligam entre si. Em outra perspectiva, houve a emergência
de uma ideologia capaz de operacionalizar essas transformações no âmbito político,
o neoliberalismo. Esse surgiu como aprimoramento para o primordial modelo
capitalista, e foi um projeto político-econômico contra o Estado
intervencionista e de bem-estar social defendido por Marx, com o intuito de
fazer as mudanças supostamente necessárias para se modificar o papel do Estado
frente à sociedade, sob o argumento de que elas seriam imprescindíveis para a inserção
de seus respectivos países no mundo contemporâneo globalizado.
Diante do neoliberalismo
vigorante na contemporaneidade, em meio a um cenário de pandemia, o qual a
empatia, benevolência e fraternidade deveriam imperar e prosperar em nossa
sociedade, usamos como molde o sistema norte-americano que deixou implícito que
independente do aumento do número de mortos seria necessário reabrir os
comércios em partes para que a economia pudesse girar. No entanto não deram
preferência aos que mais necessitavam do salário para sustento, alegando a
necessidade de inovação própria do desempregado, o que seria impossível para
aqueles que não detém de recursos materiais para tal investimento individual, como apontado por Sennett na análise do tempo presente.
Esses acontecimentos só impossibilitaram
e afetaram os mais necessitados, como por exemplo os coletores de recicláveis,
que dependem exclusivamente da força de seu trabalho para basicamente não
passar fome, esses nunca conseguiriam ter tempo e recursos para tais inovações
próprias. Perante tudo isso, fica evidente o que fora dito por Marx em seu Manifesto
Comunista, a burguesia faz do mundo sua imagem e semelhança e com isso o
pensamento da classe dominante é o pensamento dominante na sociedade.
Matheus Solbiati Braga 1°Ano Direito - Matutino
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