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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O pensamento burguês como imagem e semelhança no mundo hodierno

 

O contexto da primeira revolução industrial por volta de 1760 marcou-se pela transição de um sistema feudal para o sistema capitalista. Isso evidenciou a mudança do modo de produção artesanal, o qual o artesão sabia todas as etapas do processo e as realizava por si só, para o modo de produção industrial fordista, em que o trabalhador faz apenas parte do processo, estando completamente alheio ao produto final, e por consequência, do valor agregado ao bem a partir de seu trabalho.

Diante dessa exploração imperceptível aos olhos dos operários advinda das mudanças a partir da revolução industrial, somados ao pensamento de socialistas utópicos, idealistas alemães e materialistas, os pensadores Karl Marx e Friedrich Engels buscaram analisar criticamente cada uma dessas ideias, exaltando seus avanços, porém expondo seus equívocos e limites. Com isso, entenderam a importância de primeiro estudarem essa sociedade capitalista e seus problemas sociais intrínsecos, e o fizeram na principal obra de Marx, O Capital, para posteriormente buscarem a solução através de uma superação do modo de produção capitalista, armando a classe trabalhadora com o conhecimento para efetivar a revolução, que seria o Socialismo Científico.

Hodiernamente, o método de rigidez do estoque e verticalização da produção fordista foi substituído pelo modelo de acumulação flexível, iniciado pelo Toyotismo, o que intensificou o processo de globalização, visto que criou um arquipélago de atividades relacionadas que se interligam entre si. Em outra perspectiva, houve a emergência de uma ideologia capaz de operacionalizar essas transformações no âmbito político, o neoliberalismo. Esse surgiu como aprimoramento para o primordial modelo capitalista, e foi um projeto político-econômico contra o Estado intervencionista e de bem-estar social defendido por Marx, com o intuito de fazer as mudanças supostamente necessárias para se modificar o papel do Estado frente à sociedade, sob o argumento de que elas seriam imprescindíveis para a inserção de seus respectivos países no mundo contemporâneo globalizado.

Diante do neoliberalismo vigorante na contemporaneidade, em meio a um cenário de pandemia, o qual a empatia, benevolência e fraternidade deveriam imperar e prosperar em nossa sociedade, usamos como molde o sistema norte-americano que deixou implícito que independente do aumento do número de mortos seria necessário reabrir os comércios em partes para que a economia pudesse girar. No entanto não deram preferência aos que mais necessitavam do salário para sustento, alegando a necessidade de inovação própria do desempregado, o que seria impossível para aqueles que não detém de recursos materiais para tal investimento individual, como apontado por Sennett na análise do tempo presente.

Esses acontecimentos só impossibilitaram e afetaram os mais necessitados, como por exemplo os coletores de recicláveis, que dependem exclusivamente da força de seu trabalho para basicamente não passar fome, esses nunca conseguiriam ter tempo e recursos para tais inovações próprias. Perante tudo isso, fica evidente o que fora dito por Marx em seu Manifesto Comunista, a burguesia faz do mundo sua imagem e semelhança e com isso o pensamento da classe dominante é o pensamento dominante na sociedade.

Matheus Solbiati Braga 1°Ano Direito - Matutino

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