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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Como o materialismo histórico dialético explica o imediatismo contemporâneo

 O mundo está cada vez mais rápido, apesar das horas, dias,semanas, meses e anos passarem no mesmo ritmo que sempre tiveram, a gestão de tempo do ser humano é complicada e o longo prazo foi quase extinto.  O capítulo 1º do livro "A Corrosão do caráter: Consequências Pessoais do Trabalho no Novo Capitalismo", de Richard Senett, conta e compara a trajetória familiar e trabalhista de um pai e um filho, e a diferença de percepção da gestão do tempo e dinheiro entre os dois é enorme. Desse modo, a mudança do modo de produção, anteriormente fordista, do começo à primeira metade do século XX, para o modelo Toyotista e do "just in time", da segunda metade do século XX até os dias atuais, ajudaram a mudar o conceito de gestão de tempo entre trabalho e vida pessoal.

Um dos pontos principais do materialismo histórico dialético é que as relações de produção estão refletidas na organização da vida social, então, é compreensível que a percepção e relações pessoais e trabalhistas tenham mudado com o passar da gerações. O que até os anos 1950-60 era um modo de produção estático (fordismo), deu lugar a um modo de produção toyotismo, este último tinha a chamada acumulação flexível que busca a adequação do produto e estocagem conforme a demanda. Dessa forma, a mentalidade do trabalhador e do mercado de trabalho mudou completamente em pouco tempo.

Diante dessa perspectiva, o tempo não é mais racionalizado e linear, muito pelo contrario, ele é extremamente flexível e não linear. No livro de Richard Senett, já citado neste texto, o personagem Rico (filho) muda várias vezes de emprego, tem de se adaptar a cada realidade,dificilmente constrói laços de amizade duradouros e não consegue gerir seu tempo bem o suficiente para sempre estar presente na educação de seus filhos. Em contraparte, seu pai era exatamente o oposto de seu filho nos aspectos citados, dessa forma, fica evidente que o capitalismo praticamente causa o imediatismo e o curto prazo em, praticamente, quase todas as relações humanas atuais.

Portanto, vê-se que o materialismo histórico dialético explica boa parte da "falta de tempo" e a extinção do curto prazo, o sistema de produção atual não deixa que seja de outra maneira. Paralelamente, o crescimento das tecnologias e substituição de postos de trabalhos podem acelerar ainda mais esse processo, fazendo com que o ser humano tenha que se inovar para gerir seu tempo e conseguir se manter no mundo atual.


Guilherme Paccola Silva- Noturno

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