A
dialética, de forma ampla, conceitua a construção, tanto da sociedade quanto da
ciência, como uma forma dinâmica, com embates e contestações. Essa construção
parte de uma ideia e logo após vem sua contestação, e a sequência viria a
síntese, que seria a “resolução” dessa divergência de ideias. Esse método foi
utilizado por vários pensadores, como Hegel, um dos principais expoentes nesse
assunto. Para ele essa dinamicidade torna-se possível a partir das ideias,
essas são formadas a partir de avanços constante na sociedade, sendo, portanto,
uma construção histórica.
Esse conceito, da dialética Hegeliana, foi muito estudado por Marx e Engels, que ao contrário dele, propôs uma construção de sociedade a partir das contradições dos processos produtivos na sociedade, e não das ideias. Eles analisavam a sociedade levando em conta as condições materiais para a sobrevivência de cada indivíduo. De uma forma, essa dialética, ou como eles chamaram esse Materialismo Histórico Dialético, define a dinâmica na sociedade, os indivíduos são aquilo que eles produzem.
Durante a leitura Senett, em seu livro A Corrosão do Caráter, fica evidente como o produzir, e também como estar inserido nesse meio de produção, interfere na vida pessoal de cada um, e em consequência, na própria sociedade. O narrador comenta sobre o “longo prazo”, que essa expressão não existe no mundo corporativo. Relações de confiança e de entrega mútua, que deveriam e demoram bastante tempo para serem construídas, são estabelecidas de forma rápida, para obter o melhor resultado. Porém, isso acaba refletindo nas relações que precisam do longo prazo, como as familiares. Ele comenta que se sente “idiota” quando fala em compromisso mútuo com seu filho, já que ele está acostumado com relações de rápido crescimento.
Nesse sentido, durante o período de
quarentena, quando grande parte dos trabalhadores tiveram que se acostumar com
o home office, essa flexibilidade nos relacionamentos, principalmente
familiares, tornou-se muito mais ativa. O ambiente corporativo, que tem um
único objetivo: produzir cada vez mais, ter mais resultado; invade o ambiente
do lar, que deveria servir como acolhedor. Portanto, o materialismo histórico
proposto pelos pensadores, Marx e Engels, se concretiza cada vez mais na vida
das pessoas. A mente dos trabalhadores foi “invadida” de forma completa pela
produção, até mesmo o em seus lares, interferindo totalmente nos
relacionamentos entre os indivíduos.
Rafael Martins Biernath - 1º ano - Noturno
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