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domingo, 6 de outubro de 2019

     A vida para aqueles que destoam do que é socialmente aceito no Brasil não é fácil. O filme "Madame Satã" retrata tal situação com precisão, dando luz a uma realidade brasileira que, até então, era posta de lado. A obra cinematográfica trata sobre a vida de João Francisco dos Santos, mais conhecido pelo nome que leva o título do filme, que era um homossexual transformista que viveu no Rio de Janeiro décadas atrás e que lutou contra uma sociedade extremamente retrógrada e conservadora, resistindo com seu estilo de vida em meio a tanta repressão.
   Apesar dessa figura tão marcante ter vivido num período anterior ao nosso, sua história ainda pode ser muito relacionada com a vivência de todos aqueles e aquelas que ainda passam por dificuldades semelhantes. como foi tratado na Semana de Sexualidade e Gênero na UNESP, o Brasil permanece preconceituoso e segregador.
   Assim como Madame Satã lidou com a falta de oportunidades, o racismo estrutural, a homofobia e o sistema carcerário desumano no passado, hoje, negros e todos aqueles que fazem parte dessa diversidade marginalizada também enfrentam tais desafios. Para lidar com isso, como foi dito durante o evento da universidade, é necessário "ser muitas" para sobreviver nessa sociedade. A união e a consciência de classe é algo imprescindível nesse cenário, seja para enfrentar os perigos de ser diferente ou até mesmo para lidar com a solidão que vem como consequência disso. 
  Entretanto, essa segregação adquire uma nova configuração na contemporaneidade, ela não tem mais só uma forma violenta e direta. Ela também pode ser sutil e indireta, acontecendo, por exemplo, como foi citado durante a palestra na universidade paulista, da manipulação das narrativas de protagonismo de LGBTQ+, de negros, para silenciá-los. Um exemplo claro disso é a cantora Madonna sendo uma referência mundial de Vogue, um símbolo de resistência e cultura, enquanto os verdadeiros protagonistas desse movimento são esquecidos.
  Dessa forma, é necessário, parafraseando uma das palestrantes, trazer o debate para os diversos tipos de público, adaptando-o a cada um delas para torná-lo afetivo e acessível. Todos nós precisamos entender a realidade e as dificuldades vividas por esses grupos, mesmo que não façamos parte deles. A amplitude do discurso é o que possibilita que ele se torne politizado e algo construtivo.


Victor A. Lopes de Menezes - 1° Ano (Noturno)

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