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domingo, 6 de outubro de 2019

Olhar autêntico sobre as realidades sociais


O filme Madame Satã, o qual o célebre ator Lázaro Ramos interpreta João Francisco dos Santos, traz na atualidade uma reflexão acerca de um importante episódio do sistema jurisdicional brasileiro: a inclusão, por parte do Supremo Tribunal Federal, da homofobia e a transfobia como um crime de racismo, previsto nos incisos XLI, XLII e LIV do art. 5º da Constituição Federal.

O personagem principal, conhecido por se transvestir, representa o motivo da necessidade dessa garantia de direitos, por sofrer, ao longo da trama, os efeitos negativos da pratica da exclusão e do preconceito diante do seu processo de crescimento e transformação, alcançando o seu meio de trabalho e seu círculo social. Além disso, João espelha o pobre e negro marginal do Rio de Janeiro, expondo – ainda – maiores dificuldades de inclusão e aceitação. Por esses motivos, vê-se como a obra nos permite entender e conhecer a realidade frequente desse grupo na sociedade, a qual padece não somente de discriminações, como muito demonstrado no filme, mas também de constante violência e intolerância.

A inserção desse significativo aparato normativo transpassa uma realização meramente integrativa no conceito de racismo, porém expressa uma representação fundamental para a população semelhante a João, a qual experimenta uma histórica e nociva marginalização. Ademais, o STF pode alcançar laboriosas demandas do nosso sistema legislativo, que não consegue concretizar de maneira efetiva mecanismos essenciais para resguardar à sociedade de tais mazelas. Dessa forma, constata-se como a ação do judiciário pode expandir e reconhecer garantias relevantes, mobilizando direitos que não se encontravam no cotidiano interpretado pelo filme em questão.

Em suma, conclui-se como um olhar autêntico sobre os fatos e realidades sociais, como exibido em Madame Satã, pode trazer a compreensão das reivindicações de direitos e refletir sobre suas abrangências no ordenamento jurídico. O STF pode contribuir para o combate das inúmeras práticas preconceituosas e asseverar direitos vitais não efetivados.

Pedro José Taveira Bachur - 1º Ano Direito Diurno

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