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domingo, 13 de maio de 2018

Racionalidade de classes


Weber acredita que existam diferentes racionalidades, dentro dessa ideia, por possuirmos grupos sociais distintos na sociedade, consequentemente é criada uma racionalidade de classes, que, por vivenciarem realidades conflitantes, possuem uma maneira divergente de interpretar o meio social, e através dessa hermenêutica possuem interpretações e valores distintos.
O caso de reintegração de posse do Pinheirinhos, , um terreno de 1,3 milhão de metros quadrados ocupado há 8 anos por aproximadamente 6 mil pessoas, localizado na cidade de São José dos Campos, gerou controvérsias, não só devido à brutalidade que os moradores daquela terra ficaram sujeitos durante o processo de desocupação, existindo diversas alegações de estupros, agressões e racismo ; mas também por ser um caso no qual foi colocado em xeque qual dos direitos deveria prevalecer: o direito à propriedade, representado pela empresa SELECTA reivindicando seu terreno, ou o direito à moradia, representado pelas famílias que ocupavam a região em questão.
Nesse caso, a decisão coube à juíza Marcia Loureiro, que escolheu priorizar a reintegração de posse do terreno e desocupação das famílias que residiam lá há anos. Ambos os direitos se encontram em um mesmo patamar juridicamente, nenhum se sobressai em relação ao outro, contudo no caso em questão era de necessidade que houvesse a priorização de um.
No caso em questão, a juíza tomou uma decisão que pode ser analisada pelos pensamentos de Weber; ser racional é contemplar os desejos da maioria e era defendido que a desocupação estava de acordo com o interesse da sociedade, pois a decisão estava de acordo com nossa lógica de mercado vigente.
A questão pode ser abordada como sendo preferível colocar o terreno nas mãos de uma empresa que poderia transforma-lo em um condomínio de luxo, ou em um negócio agroexportador, do que nas mãos de milhares de pessoas com pequenas moradias, as quais não contribuíam economicamente ao instalarem-se no espaço em questão
Temos, portanto, que, estamos inseridos em uma sociedade na qual o Direito é abertamente desigual, escolhendo priorizar as relações de mercado do que um direito considerado básico, como a moradia, justificando-se nas diferentes racionalizações. Além de tudo, após a ocupação, que já ocorreu de forma coercitiva e violenta, a população foi transferida para uma área em situações degradantes, violando mais direitos fundamentais.

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