Weber acredita que existam diferentes racionalidades, dentro dessa
ideia, por possuirmos grupos sociais distintos na sociedade, consequentemente é
criada uma racionalidade de classes, que, por vivenciarem realidades
conflitantes, possuem uma maneira divergente de interpretar o meio social, e
através dessa hermenêutica possuem interpretações e valores distintos.
O caso de reintegração de posse do Pinheirinhos, , um terreno de 1,3 milhão de metros quadrados ocupado
há 8 anos por aproximadamente 6 mil pessoas, localizado na cidade de São José
dos Campos, gerou controvérsias, não só devido à brutalidade que os moradores
daquela terra ficaram sujeitos durante o processo de desocupação, existindo
diversas alegações de estupros, agressões e racismo ; mas também por ser um
caso no qual foi colocado em xeque qual dos direitos deveria prevalecer: o direito
à propriedade, representado pela empresa SELECTA reivindicando seu terreno, ou
o direito à moradia, representado pelas famílias que ocupavam a região em
questão.
Nesse caso, a decisão coube à juíza Marcia Loureiro, que escolheu
priorizar a reintegração de posse do terreno e desocupação das famílias que
residiam lá há anos. Ambos os direitos se encontram em um mesmo patamar
juridicamente, nenhum se sobressai em relação ao outro, contudo no caso em
questão era de necessidade que houvesse a priorização de um.
No caso em questão, a juíza tomou uma decisão que pode ser analisada
pelos pensamentos de Weber; ser racional é contemplar os desejos da maioria e
era defendido que a desocupação estava de acordo com o interesse da sociedade,
pois a decisão estava de acordo com nossa lógica de mercado vigente.
A questão pode ser abordada como sendo preferível colocar o terreno nas
mãos de uma empresa que poderia transforma-lo em um condomínio de luxo, ou em
um negócio agroexportador, do que nas mãos de milhares de pessoas com pequenas
moradias, as quais não contribuíam economicamente ao instalarem-se no espaço em
questão
Temos, portanto, que, estamos inseridos em uma sociedade na qual o
Direito é abertamente desigual, escolhendo priorizar as relações de mercado do
que um direito considerado básico, como a moradia, justificando-se nas
diferentes racionalizações. Além de tudo, após a ocupação, que já ocorreu de
forma coercitiva e violenta, a população foi transferida para uma área em
situações degradantes, violando mais direitos fundamentais.
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