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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Marx, Engels e Harvey na dinâmica da cidade

O socialismo não foi invenção de Marx e Engels, muitos antes deles tentaram frustradamente alavancar as ideias revolucionárias. Saint-Simon, Charles Fourier, Louis Blanc, todos frustrados em suas ideologias comunistas. O que difere Marx e Engels dos demais é a destreza de perceber que antes de formular uma tese deve-se observar atentamente a realidade. Assim elaboram o socialismo científico, que se preocupa em primeiro lugar em interpretar e compreender a dinâmica do capitalismo, a acumulação previa de capital, sua produção e suas contradições e fragilidades, tornando-se assim uma doutrina revolucionária.
Sua doutrina baseia-se em quatro pilares. O primeiro é a força do passado, o materialismo histórico,  que impõe uma realidade inescapável que trabalha em função da lógica capitalista, tudo esta interligado em um sistema que alimenta o capital. Ele é alimentado pela exploração dos que vendem sua força produtiva  através da mais-valia. A realidade é fruto da dialética materialista, contradições entre o já existente, a tese contra a antítese, a busca por concessões. E a luta de classes é o motor da historia.
Desta forma o meio urbano atual é o local da afirmação e fortalecimento do capital, produto de um sistema burguês, e parte constituinte dos processos sociais mais abrangentes. No manifesto comunista foi avaliado a cidade industrial moderna, da mesma forma que na atualidade o geógrafo marxista David Harvey alega que a desigualdade é o motor de segregação de segregação urbana gerando exclusão, violência, exploração e segregação. Na concepção de Karl Marx a desigualdade social é um fenômeno causado pela divisão de classes, existindo as classes dominantes que se utilizam da desigualdade como uma ferramenta sobre as classes oprimidas.
Para Harvey a cidade nada mais é do que fruto do excedente de produção capitalista, na busca por mais-valia, a classe capitalista produz um excedente de mercadorias que precisa ser vendido a fim de completar o ciclo econômico. Por não vender tudo que produz e evitar uma crise de superprodução, a burguesia utiliza-se do aparato estatal e compra o excedente capitalista. Como exemplo a república oligárquica brasileira, que até a década de 1930 comprava o excedente da produção do café dos grandes cafeicultores.
O capitalismo na dinâmica da cidade necessita da urbanização para absorver o excedente de produção que nunca cessa. Então surge a ligação entre o desenvolvimento do capitalismo e a urbanização, já que a concentração geográfica se da pelo excedente e aumento de produção é pela necessidade de encontrar esferas rentáveis para o consumo.

A urbanização atende os interesses do mercado imobiliária, que sempre representou um fenômeno de classes, segregando os espaços de acordo com a renda, como a contradição entre as favelas e os enclaves fortificados transformando a cidade na luta e na alienação social. Assim até mesmo no âmbito espacial o proletariado é subordinado a burguesia a partir do momento que ele é privado das melhores localizações em favor desta.

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