O socialismo não foi invenção
de Marx e Engels, muitos antes deles tentaram frustradamente alavancar as
ideias revolucionárias. Saint-Simon, Charles Fourier, Louis Blanc, todos
frustrados em suas ideologias comunistas. O que difere Marx e Engels dos demais
é a destreza de perceber que antes de formular uma tese deve-se observar
atentamente a realidade. Assim elaboram o socialismo científico, que se
preocupa em primeiro lugar em interpretar e compreender a dinâmica do
capitalismo, a acumulação previa de capital, sua produção e suas contradições e
fragilidades, tornando-se assim uma doutrina revolucionária.
Sua doutrina baseia-se
em quatro pilares. O primeiro é a força do passado, o materialismo histórico, que impõe uma realidade inescapável que
trabalha em função da lógica capitalista, tudo esta interligado em um sistema
que alimenta o capital. Ele é alimentado pela exploração dos que vendem sua
força produtiva através da mais-valia. A
realidade é fruto da dialética materialista, contradições entre o já existente,
a tese contra a antítese, a busca por concessões. E a luta de classes é o motor
da historia.
Desta forma o meio
urbano atual é o local da afirmação e fortalecimento do capital, produto de um
sistema burguês, e parte constituinte dos processos sociais mais abrangentes. No
manifesto comunista foi avaliado a cidade industrial moderna, da mesma forma
que na atualidade o geógrafo marxista David Harvey alega que a desigualdade é o
motor de segregação de segregação urbana gerando exclusão, violência, exploração
e segregação. Na concepção de Karl Marx a desigualdade social é um fenômeno causado
pela divisão de classes, existindo as classes dominantes que se utilizam da
desigualdade como uma ferramenta sobre as classes oprimidas.
Para Harvey a cidade
nada mais é do que fruto do excedente de produção capitalista, na busca por
mais-valia, a classe capitalista produz um excedente de mercadorias que precisa
ser vendido a fim de completar o ciclo econômico. Por não vender tudo que
produz e evitar uma crise de superprodução, a burguesia utiliza-se do aparato
estatal e compra o excedente capitalista. Como exemplo a república oligárquica brasileira,
que até a década de 1930 comprava o excedente da produção do café dos grandes
cafeicultores.
O capitalismo na dinâmica
da cidade necessita da urbanização para absorver o excedente de produção que
nunca cessa. Então surge a ligação entre o desenvolvimento do capitalismo e a urbanização,
já que a concentração geográfica se da pelo excedente e aumento de produção é pela
necessidade de encontrar esferas rentáveis para o consumo.
A urbanização atende os
interesses do mercado imobiliária, que sempre representou um fenômeno de
classes, segregando os espaços de acordo com a renda, como a contradição entre
as favelas e os enclaves fortificados transformando a cidade na luta e na alienação
social. Assim até mesmo no âmbito espacial o proletariado é subordinado a
burguesia a partir do momento que ele é privado das melhores localizações em
favor desta.
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