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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Crítica não radical do pensamento marxista



Para Marx, um cientista do século XIX, o colapso do capitalismo seria inevitável, ante o agravamento das contradições de tal sistema. Contudo, até então, apesar de enfrentar diversas crises, como a de 1929 (uma crise de superprodução, conforme conceituação do próprio Marx), o sistema capitalista tem demonstrado singular resistência, dada a sua capacidade de mitigar os efeitos da mais-valia e considerando-se a capilaridade do mercado.
A mais-valia, que representa a exploração do homem, cujo tempo total de labor não é remunerado integralmente, ainda persiste, entretanto, não desencadeou a falência do capitalismo, visto que, ao longo da história, foram realizadas concessões aos trabalhadores, como a gratificação natalina, os descansos semanais remunerados, as férias remuneradas, a redução de jornada, isto é, direitos trabalhistas que mitigam os efeitos da exploração, permitindo aos indivíduos integrarem-se, mesmo que parcialmente, ao mercado como consumidores, o que fomenta a sustentação daquele e o conformismo destes.
Já a capilaridade do mercado deve ser compreendida no tocante à capacidade dele de abranger diferentes segmentos de atuação e atingir os rincões do planeta. Ressalta-se que, na sociedade pós-moderna, até mesmo o prazer sexual é regulado pela lógica mercadológica, com a oferta maciça de locais diferenciados para a prática sexual, de acessórios, vídeos, produtos eróticos e medicamentos para o tratamento da disfunção erétil, os quais também são consumidos por indivíduos saudáveis, visando à maximização do prazer, tão propalada pelo mercado. Quanto à atuação do mercado em lugares remotos, pode-se afirmar, atualmente, que não é incomum o consumo de celulares, computadores e demais produtos eletrônicos em tribos indígenas, por exemplo.
Por fim, embora a teoria marxista possa ser criticada no que tange à proposição da destruição do mercado por si mesmo, não se pode desconsiderar que Marx e sua ciência resultaram do contexto do século XIX. Ademais, embora algo da linguagem marxista acerca da economia tenha envelhecido, muitas ideias de Marx sobre o Estado e a política na sociedade de classes continuam mais atuais do que nunca.

Marcos Paulo Freire - Direito Noturno

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